Armazéns Abel Pereira da Fonseca renascem com restaurantes, lojas, discoteca e ZdB: abre o 8 Marvila

Lisboa tem novo centro de lazer, artes e comércio: restaurante, disco e galeria ZdB são os pioneiros da 8 Marvila. Mas os 22.000m2 destes antigos armazéns vão ter muito mais atracções.

Foto
Enquanto os armazéns da Abel Pereira da Fonseca aguardam o futuro, entram em fase 8 Marvila Daniel Rocha
Ouça este artigo
00:00
05:19

Ainda cheira a vinho dentro de uma das cubas dos armazéns da Abel Pereira da Fonseca, em Marvila, Lisboa. Em breve abrirá aqui a Cuba n.º 160, uma pequena loja de vinhos, um dos vários projectos que começarão a encher a imensa área – 22 mil metros quadrados, com capacidade para 4000 pessoas – fechada desde há muitos anos. Esta quinta-feira, dia 21, começa a receber o público (de quarta a domingo, das 12h às 02h), para já com o novo espaço da Galeria Zé dos Bois, a discoteca Outra Cena e o restaurante Mato.

A Zé dos Bois, que pela primeira vez abre uma extensão da sua casa no Bairro Alto, estreia-se em Marvila com a performance "WOYZECK FUCK’EM’OL!", de Cláudio da Silva, Carolina Dominguez e Pedro Paiva. A galeria ocupa um espaço nobre, localizando-se mesmo por trás das icónicas janelas redondas do edifício projectado em 1917 pelo arquitecto Norte Júnior.

Mas esta é apenas uma pequena parte da área que se estende ao longo da Praça David Leandro da Silva e, para trás, em direcção ao Tejo, que no início do século XX chegava até aos edifícios, com as fragatas a receber as pipas de vinho que enchiam os armazéns.

José Filipe Rebelo Pinto, programador, produtor e curador deste novo “espaço de cultura e comércio independente”, baptizado como 8 Marvila, convida-nos a entrar precisamente pela porta do número 8 para o interior dos armazéns, ainda em obras. A ideia, explica José Filipe, que esteve ligado a projectos de revitalização da cidade na LX Factory, Martim Moniz e Cais do Sodré, é dinamizar o espaço com lojas, restaurantes (o Mato é um projecto dele) e programação cultural pelo menos durante os próximos três anos, enquanto a empresa privada que comprou o edifício não inicia as obras estruturais.

Foto
8 Marvila daniel rocha

Por ser um projecto efémero, as alterações que foram feitas passam sobretudo pelo reaproveitamento do muito entulho que se encontrava espalhado por aqui. José Filipe mostra fotografias das grandes áreas cheias de traves de madeira, tijolos, restos de móveis e até livros e papéis do arquivo da Abel Pereira da Fonseca. “Cheguei em Outubro do ano passado e, quando entrámos, havia toneladas de lixo. O espaço estava totalmente ao abandono. Mais de 50% do material que usámos já cá estava. Houve muito reaproveitamento.” A preocupação essencial foi de garantir a total segurança do local, reforçando a estrutura sempre que necessário.

A praça central, que será o coração do 8 Marvila – e na qual se situa o restaurante Mato, vegetariano que, nesta primeira fase, aposta sobretudo em pizzas – ganhou nova vida com as plantas da Planta Livre (que terá também um local de venda) e espaços simpáticos com pedaços de móveis antigos. É aqui que ficam também dois food trucks, o Oficina e o 150 Gramas. Outros projectos de restauração já confirmados e que deverão abrir até ao final do ano são o mexicano Taqueria Paloma (no antigo espaço do restaurante de Chakall), o The Pastry Lab, o Dear Breakfast, a Companhia Portugueza do Chá, e um restaurante japonês de Rui Rosário, vindo do Praia no Parque.

8 Marvila vai ser o novo espaço multicultural e gastronómico de Lisboa, nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca. Aqui, o programador e curador José Filipe Rebelo Pinto Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
8 Marvila a nascer nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca Daniel Rocha/PÚBLICO
Fotogaleria
8 Marvila vai ser o novo espaço multicultural e gastronómico de Lisboa, nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca. Aqui, o programador e curador José Filipe Rebelo Pinto Daniel Rocha/PÚBLICO

Avançamos pela galeria ladeada pelas cubas de vinho, que vão alojar pequenos projectos mais alternativos (José Filipe diz ter recusado já várias propostas de marcas mais comerciais). Pretende-se que todos eles se integrem no espírito de reciclagem, reaproveitamento e não desperdício, pelo que, entre as 22 lojas previstas, encontram-se a RCICLA, de restauro de bicicletas, The Lisbon Frame, de fotografia analógica, Black Mamba e Teddy Hats, de roupa, e ainda o estúdio de tatuagens de Elisa Rezende e a decoração da Napo Runa. A estes, soma-se a galeria de arte Because Art Matters.

Para o lado direito da praça central há uma outra nave de grandes dimensões que será alugada para eventos (terá cozinhas de apoio) e que poderá ter ligação por fora com outro espaço igualmente disponível para eventos privados. E numa zona ainda mais ampla surgirão nove campos de padel.

Foto
8 Marvila Daniel Rocha

Um dos espaços mais bonitos é uma antiga área de adega também ladeada por cubas e com uma espécie de varandim – no piso térreo será a zona destinada a concertos, com capacidade para 1500 pessoas; e no andar superior fica o espaço ocupado pelo clube Outra Cena. Os antigos escritórios da Abel Pereira da Fonseca, com uma vista privilegiada para o rio, serão no futuro uma zona de co-working com capacidade para 300 pessoas.

Uma outra área aberta destina-se a projectos ligados a ioga, sound healing e outras áreas do bem-estar e da cultura, com intervenções da street art – aqui, a utilização será gratuita, porque José Filipe quer dar espaço a iniciativas mais pequenas mas que partilhem o espírito do projecto. Será uma zona também aberta a encontros e debates sobre temas ligados à sustentabilidade e à vida contemporânea nas cidades – está já marcado para dia 24 o Salão Psicadélico, da Safe Journey, “onde se falará sobre os psicadélicos na vertente recreativa e medicinal”.

Foto
8 Marvila Daniel Rocha

José Filipe acredita que a dimensão do 8 Marvila vai dar um contributo decisivo para a muito anunciada, e sempre adiada, “explosão” desta zona da cidade. “Temos uma grande responsabilidade em tudo o que é o futuro desta zona, como a pedra no charco que cria anéis à volta. Se tivesse aceitado fazer as 30 ou 40 festas que já recusei, tinha colocado isto na onda da rave, que não vai deixar de existir, mas não é essa a linguagem que queremos, é uma linguagem muito mais cultural, com outra consciência do que é a nossa envolvente.”

O que falta ainda “é a parte dos transportes públicos para esta zona”, mas lembra que há uma ciclovia, “das mais bonitas da cidade”, que, ao longo do beira-rio, liga o Terreiro do Paço ao Parque das Nações, passando por Marvila.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários