Trabalhadores dispensados em Palmela são já 425, Governo estuda apoio a quem os readmitir

Empresas Rangel e Novacoat também prescindiram de trabalhadores com contratos a termo, aumentando assim o número de novos desempregados causados pela paragem forçada na Autoeuropa.

Foto
Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, reuniu-se com representantes dos trabalhadores do Parque Europa LUSA/TIAGO PETINGA (arquivo)
Ouça este artigo
00:00
02:55

O número de trabalhadores com contrato a termo dispensados nas empresas fornecedoras da Volkswagen Autoeuropa cresceu drasticamente nas últimas 24 horas, totalizando agora 425. No Governo cresce a preocupação com o impacto da paragem forçada de nove semanas na Autoeuropa, tendo o Ministério do Trabalho admitido que irá estudar a hipótese de dar apoios às empresas que chamem os dispensados de volta e os readmitam antes do fim desta crise laboral provocada pela falta de uma peça essencial para os motores do único modelo que a Volkswagen monta em Portugal.

Essa hipótese foi transmitida pelo ministério de Ana Mendes Godinho durante um encontro que se realizou ao final da tarde desta terça-feira com a comissão coordenadora das comissões de trabalhadores do Parque Europa.

Os representantes dos trabalhadores deste complexo industrial, onde trabalham 11 mil pessoas, levaram informações actualizadas sobre a situação laboral das quase 9000 pessoas que desde segunda-feira estão ou em layoff ou em paragem ao abrigo de mecanismos internos de gestão de horas.

A maioria desses trabalhadores enfrenta perdas salariais de 5% a 33%, mas os precários que viram os contratos a prazo terminados quando a Volkswagen anunciou uma paragem forçada de 11 de Setembro até 12 de Novembro, enfrentam a situação pior, com perda total do rendimento, se não preencherem os requisitos para acesso ao subsídio de desemprego.

Na segunda-feira, a comissão coordenadora contabilizava cerca de 300 trabalhadores dispensados, nos quais se incluem 100 pessoas na Autoeuropa, mas na terça-feira o total já ascendia a 425. Tudo porque na Rangel não houve acordo para os quase 100 precários que prestavam serviço em Palmela (onde tinha 600 trabalhadores) e que, por isso, passam a estar oficialmente desempregados a partir da próxima sexta-feira, dia 15 de Setembro. Além disso, também na fábrica Novacoat há cerca de 40 pessoas a dispensar nas mesmas circunstâncias.

É para essas situações que o ministério prometeu estudar uma solução. Segundo apurou o PÚBLICO, junto de um dos representantes laborais, o Governo poderá vir a dar apoios às empresas que readmitam estes trabalhadores antes de 12 de Novembro. Ainda há "aspectos técnicos" por definir, acrescentou a mesma fonte, e ficou já agendada nova reunião entre as duas partes para daqui a uma semana, a 19 de Setembro, na qual pode haver novos desenvolvimentos.

Na origem desta crise laboral está a interrupção de fornecimento de uma roda dentada usada pelo grupo Volkswagen em diferentes motores das suas marcas, desde a própria VW à Seat ou a Skoda. A fábrica que produz essa peça, em regime de subcontratação, foi parcialmente destruída por violentas cheias que afectaram a Eslovénia no início de Agosto.

Há mais quatro fábricas do grupo na Alemanha e uma na República Checa com paragens forçadas, mas apenas em alguns turnos. A Autoeuropa é, até ao momento, a única a interromper totalmente as operações industriais. Tal interrupção repercute-se em cadeia nas inúmeras empresas que, a partir de Portugal, fornecem a Autoeuropa, muitas delas sediadas no Parque Europa e sem outros clientes além da fábrica da VW.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários