Reino Unido volta a fazer parte dos programas europeus Horizonte e Copérnico

Ao abrigo deste pacto, enquanto membro associado, o Reino Unido vai contribuir financeiramente para o orçamento da UE com quase 2,6 mil milhões de euros por ano.

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Reino Unido regressa aos programas científicos Horizonte Europa e Copérnico NEIL HALL/Reuters
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O Reino Unido vai regressar aos programas científicos Horizonte Europa e Copérnico, depois de ter chegado a um acordo político com a Comissão Europeia sobre a participação britânica, suspensa desde o Brexit, foi anunciado esta quinta-feira.

O acordo surge após meses de negociações e vai permitir aos investigadores britânicos candidatarem-se a bolsas e participarem em projectos no âmbito do programa Horizonte já a partir desta quinta-feira, destaca a BBC.

A Comissão Europeia revelou que o Reino Unido, enquanto membro associado, contribuirá com quase 2,6 mil milhões de euros por ano, em média, para o Horizonte Europa e o Copérnico, estando previsto começar a contribuir financeiramente em Janeiro de 2024, segundo o diário britânico The Guardian.

O Governo britânico reivindicou o acesso ao maior programa de colaboração no domínio da investigação do mundo, o Horizonte Europa, através de um acordo personalizado com melhores condições financeiras.

Londres garantiu que os contribuintes britânicos não vão pagar pelo tempo em que o Reino Unido esteve excluído dos programas desde 2021. Além disso, haverá um mecanismo de reembolso automático caso os cientistas britânicos recebam muito menos dinheiro do que aquele que o Reino Unido investir.

A participação britânica no programa Horizonte tinha sido negociada em 2020, mas Londres queixou-se de atrasos persistentes devidos às divergências sobre os acordos comerciais pós-Brexit na Irlanda do Norte.

“O acordo certo para o Reino Unido”

O anúncio foi confirmado, nesta quinta-feira, pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que sublinhou que os cientistas britânicos vão poder voltar a candidatar-se a bolsas do programa Horizonte. “Trabalhámos com os nossos parceiros da União Europeia [UE] para garantir que este é o acordo certo para o Reino Unido, que abre oportunidades de investigação sem paralelo, e também o acordo certo para os contribuintes britânicos”, afirmou.

O acordo terá sido selado, de acordo com o jornal The Guardian, após um telefonema entre Sunak e a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na quarta-feira à noite.

A comunidade científica britânica já se manifestou a propósito do acordo. Adrian Smith, presidente da Royal Society, descreveu o anúncio como “uma notícia fantástica não só para o Reino Unido, mas para os cientistas de toda a UE e para todos os povos da Europa”.

Já Paul Nurse, director do Francis Crick Institute, disse estar “entusiasmado por ver finalmente que as parcerias com cientistas da UE podem continuar”, cita o The Guardian. “Trata-se de um passo essencial para reconstruir e reforçar a nossa posição científica a nível mundial. Obrigado ao grande número de investigadores do Reino Unido e de toda a Europa que, ao longo de muitos anos, não desistiram de sublinhar a importância da colaboração internacional para a ciência”, acrescentou.

“A incerteza dos últimos dois anos e meio chegou ao fim, o que será um alívio para toda a comunidade científica”, disse, por sua vez, Michelle Mitchell, directora executiva da instituição Cancer Research UK.

O Executivo comunitário notou que esta solução mutuamente acordada surge na sequência de discussões aprofundadas entre a UE e o Reino Unido e será benéfica para ambos.

A UE e o Reino Unido são parceiros estratégicos e aliados fundamentais, e o acordo de hoje demonstra-o. Continuaremos a estar na vanguarda da investigação e da inovação a nível mundial, disse Ursula von der Leyen, num comunicado.

O acordo terá de ser ainda aprovado pelo Conselho Europeu antes de ser formalmente adoptado no comité especializado UE-Reino Unido sobre a participação nos programas da UE.

Além do programa Horizonte, o Reino Unido também vai ser membro associado do Copérnico, programa europeu de observação da Terra, que disponibiliza informação de satélites e outras fontes para previsões meteorológicas futuras. No entanto, segundo a BBC, o Reino Unido não voltará a fazer parte do Euratom, o programa da comunidade europeia para a energia atómica, embora exista um acordo de cooperação específico no domínio da fusão nuclear. Com Lusa

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