Junta militar reabre espaço aéreo do Níger

Espaço aéreo do país africano estava encerrado desde o início de Agosto. CEDEAO propõe período de transição democrática de nove meses.

Foto
Militares ocuparam o poder no Níger no final de Julho Reuters/STRINGER

Os líderes da junta militar do Níger reabriram o espaço aéreo do país a todos os voos comerciais, depois de terem decretado o seu encerramento a 6 de Agosto, na sequência do golpe militar que derrubou o Presidente Mohamed Bazoum, disse o porta-voz do Ministério dos Transportes esta segunda-feira.

O encerramento forçou a Air France e outras companhias aéreas europeias a suspender alguns voos e a fazer rotas mais longas ao sobrevoarem o continente africano. O Níger tem uma área que é o dobro da de França e muitos aviões cruzam o seu território ao sobrevoarem África.

A junta justificou inicialmente o encerramento do espaço aéreo com receios de uma intervenção militar pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Desta vez não foi dada qualquer justificação para a reabertura do espaço aéreo.

Na semana passada, o presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que preside à organização regional, sugeriu que o Níger dê início a um período de nove meses de transição para um regime democrático, à semelhança do que a própria Nigéria fez nos anos 1990.

“Quanto mais cedo, fizerem ajustes positivos, mais rapidamente poderemos suavizar as sanções para aliviar o sofrimento a que assistimos no Níger”, afirmou Tinubu, qualificando as acções dos militares como “inaceitáveis”.

O bloco impôs sanções ao Níger na sequência do golpe que derrubou o Bazoum no final de Julho. Em cima da mesa chegou a estar a possibilidade de uma intervenção militar para afastar a junta do poder.

Os militares que afastaram Bazoum insistem que é necessário um período de três anos para a transição democrática e têm aumentado a tensão com França, a antiga potência colonial, exigindo a expulsão do embaixador francês.

No fim-de-semana, milhares de pessoas participaram em manifestações junto a instalações militares contra a presença de soldados franceses no país. A França tem um contingente de mais de 1500 militares no Níger, onde participam em operações antiterroristas.

No entanto, a presença de militares franceses em vários países africanos tem sido cada vez mais contestada. No Mali e no Burkina Faso, também na sequência de golpes de Estado realizados por militares, os contingentes franceses foram forçados a retirar. O golpe no Níger foi um entre vários que ocorreram nos últimos três anos na região da África Central e Ocidental.

Sugerir correcção
Comentar