Crianças fogem de instituição de acolhimento, mãe apresenta queixa

Menor de oito anos foi para a estação de Pinhal Novo e levou consigo menino de quatro anos. Ambos já regressaram à Fundação Coi.

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Crianças foram encontradas em tronco nu na estação da Fertagus de Pinhal Novo Tina Floersch/Unsplash
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A mãe de uma das crianças que fugiram na semana passada da instituição de acolhimento onde moravam, por estarem à guarda do Estado, apresentou queixa contra esta entidade. Os menores foram encontrados na estação de comboios horas depois da fuga, tendo regressado à instituição, no Pinhal Novo.

Tudo aconteceu na passada quarta-feira, tendo a GNR participado a situação ao Tribunal de Família e Menores da comarca de Setúbal, à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e à Segurança Social. Segundo explicações dadas pela Fundação Coi à comunicação social, tudo começou com uma desavença entre dois irmãos, de oito e dez anos, dentro da instituição. Estas crianças “realizam toma de medicação para controlo e estabilização do comportamento”, uma vez que manifestam entre si e também para com outros menores e até adultos comportamentos agressivos. A criança mais velha “padece de transtorno do espectro autista”.

Foi durante esse desentendimento que, diz a instituição, “o elemento mais jovem ficou com várias marcas de arranhões na face, no braço e no pescoço, tendo seguidamente encetado algumas tentativas de fuga”. Quando o conseguiu fazer, levou consigo outra criança de quatro anos, também alvo de acolhimento na mesma instituição.

Tudo se passou de manhã, tendo os dois menores sido encontrados à hora de almoço sozinhos, em tronco nu, na estação da Fertagus do Pinhal Novo, de onde foram levados pela GNR para o posto, para serem assistidos por técnicos do INEM. Um deles apresentava, de facto, escoriações no corpo. Quando os guardas chegaram, também já se encontrava na estação uma funcionária da Coi.

“Mesmo a responsável tendo-se identificado, foi impedida de reconduzir os menores à resposta social, tendo sido necessária a intervenção da GNR, que conduziu as crianças ao posto”, relata a instituição.

As crianças voltaram nesse mesmo dia ao local de acolhimento.

A mãe de uma delas apresentou queixa na GNR contra a fundação, que conta com várias valências além do acolhimento de menores.

O PÚBLICO tentou saber junto da Procuradoria-Geral da República se foi aberto algum inquérito ao sucedido, mas até agora não obteve resposta. Já o Ministério da Segurança Social reagiu de forma lacónica, tendo-se limitado a dizer que está “a acompanhar a situação, em articulação com as autoridades competentes”.

Já a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Palmela esclarece que não teve em mãos qualquer processo relacionado com as crianças envolvidas. "Por termos tido conhecimento do ocorrido via GNR, e nos termos da lei, essa informação foi remetida à entidade detentora dos respectivos processos, nomeadamente o tribunal que acompanha a situação", acrescenta esta entidade.

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