Emigração portuguesa para o Reino Unido continua em queda

O declínio da emigração portuguesa para o Reino Unido insere-se numa diminuição da emigração para este país de cidadãos europeus em geral.

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Autorização de residência passou a ser obrigatória no regime pós-"Brexit" no Reino Unido EPA/STEPHANIE LECOCQ

A emigração portuguesa para o Reino Unido continua em queda, tendo descido 43% nos 12 meses decorridos até Junho deste ano, de acordo com estatísticas oficiais publicadas hoje pelo Governo britânico.

O Ministério do Trabalho revelou hoje que se registaram na Segurança Social britânica 6451 portugueses entre Junho de 2022 e Junho de 2023, menos 43% do que os 11.335 inscritos nos 12 meses anteriores.

A inscrição na Segurança Social é um requisito para se poder trabalhar ou receber apoios sociais no país e um indicador usado para calcular os fluxos demográficos. A redução do número de portugueses confirma a tendência verificada em 2022, que contabilizou uma queda de 41% para 7941 inscrições de portugueses na Segurança Social britânica, comparando com 13.551 em 2021.

Estima-se que residam no Reino Unido cerca de 400 mil portugueses, a maioria dos quais instalados desde a década de 2010.

Números actualizados nesta quinta-feira pelo Ministério do Interior sobre o Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia (EU Settlement Scheme) contabilizou 483.350 candidaturas por cidadãos portugueses até 30 de Junho de 2023 para obter uma autorização de residência, obrigatória no regime pós-“Brexit”.

Destes, 267.320 portugueses receberam um título de residência permanente (settled status), 168.410 um título provisório (pre-settled status) e 47.630 tiveram os processos rejeitados ou invalidados.

O número de candidaturas não é equivalente ao número de portugueses residentes no Reino Unido, pois algumas são repetidas devido à necessidade de recurso ou para passar do estatuto provisório a permanente.

O declínio da emigração portuguesa para o Reino Unido insere-se numa diminuição da emigração de cidadãos europeus em geral, que representaram apenas 12% dos 1,1 milhões de estrangeiros registados pelo Ministério do Trabalho britânico nos 12 meses até Junho de 2023.

Desde 2021 que os cidadãos europeus deixaram de beneficiar de liberdade de circulação no Reino Unido, na sequência da saída do país da União Europeia, processo conhecido por “Brexit e desencadeado por um referendo em 2016.

Regras mais rígidas

O Governo britânico impôs desde então novas regras, mais rígidas, estando os europeus sujeitos a um novo sistema, que exige o cumprimento de certas condições, como um contrato de trabalho, salário mínimo e conhecimentos de língua inglesa.

A nova situação resultou num aumento acentuado da chegada ao Reino Unido de imigrantes não-europeus, cujo número disparou 45% nos 12 meses até Junho de 2023 para 961.191 inscritos na Segurança Social britânica, em particular da Índia, Nigéria, Paquistão e China.

Resultado da entrada de refugiados devido à invasão russa iniciada em 2022, a Ucrânia foi a nacionalidade com o terceiro maior número de registos (75 mil) nos 12 meses até Junho de 2023, um aumento acentuado em relação aos 1900 inscritos nos 12 meses findos em Junho de 2019.

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