Argumentistas de Hollywood dizem que contraproposta dos estúdios “não chega”

A greve iniciada a 2 de Maio vai continuar, após novo fracasso nas negociações. Os prejuízos para a economia da Califórnia ascendem a milhares de milhões de dólares.

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Manifestação de apoio à greve dos argumentistas em Los Angeles, a 21 de Junho passado MIKE BLAKE/Reuters

A guilda dos argumentistas da América (Writers' Guild of America, no original em inglês) recusou os termos da nova proposta negocial que os estúdios de Hollywood e os serviços de streaming apresentaram na terça-feira, e instou os seus membros a manterem os piquetes de greve.

O sindicato abandonara as negociações a 2 de Maio, quando o diálogo entre as duas partes chegou a um impasse. Aos argumentistas juntaram-se entretanto, a 14 de Julho, os actores filiados na Guilda dos Actores de Cinema e Televisão (Screen Actor's Guild, no original em inglês), paralisando a produção audiovisual em Hollywood e causando à economia da Califórnia prejuízos de milhares de milhões de dólares.

A Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (Alliance of Motion Picture and Television Producers, no original em inglês), que negoceia em nome de empresas como a Walt Disney e a Netflix, incluiu na sua nova proposta detalhes sobre questões críticas como indemnizações, equipas mínimas, pagamento de direito conexos e limites à utilização de inteligência artificial.

O documento que o sindicato dos argumentistas recusou previa um aumento salarial de 13% para os próximos três anos, e garantia que os conteúdos gerados por ferramentas de inteligência artificial não serão considerados "material literário".

As plataformas de streaming, em particular, declararam-se dispostas a revelar ao sindicato, que representa cerca de 11.500 argumentistas de cinema e de televisão, o número total de horas visionadas de cada conteúdo originalmente produzido para estes serviços, em relatórios trimestrais confidenciais. Estes números são indispensáveis ao cálculo das remunerações e do pagamento de direitos de autor e direitos conexos devidos àqueles profissionais.

"Chegámos à mesa negocial com uma oferta que vai ao encontro das preocupações prioritárias exprimidas pelos argumentistas. Estamos profundamente empenhados em pôr um fim à greve e esperamos que a WGA trabalhe no mesmo sentido", disse a presidente da AMPTP, Carol Lombardini.

A guilda recebeu a contraproposta da AMPTP no passado dia 11 e reuniu esta terça-feira com os responsáveis máximos da Walt Disney, Bob Iger, da Warner Bros, David Zaslav, do grupo NBCUniversal, Donna Langley, e da Netflix, Ted Sarandos, para discutir a oferta.

"Mas esta não era uma reunião para chegarmos a um acordo. Era uma reunião para nos fazer desistir", comunicou o sindicato aos seus membros.

A WGA diz ter explicado na reunião por que é que a oferta fica aquém do desejado e "não protege suficientemente os argumentistas das ameaças existenciais" que os levaram à greve. Ainda assim, os produtores decidiram divulgar os termos da contraproposta recusada.

A guilda pretende manter os piquetes de greve e prometeu partilhar com os seus membros mais detalhes sobre o estado das negociações. Até lá, encorajou-os a continuarem em luta: "Ver-vos-emos a todos nos piquetes para continuarmos a mostrar às empresas o que é o poder laboral."

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