Reino Unido: primeira doação de útero no país aconteceu entre irmãs

A operação foi um “enorme sucesso” e as perspectivas são de que o órgão dure no máximo cinco anos. A mulher nasceu sem útero, dado sofrer de uma condição rara.

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Operação aconteceu em Fevereiro no Hospital Churchill, em Oxford, no Reino Unido Manuel Roberto
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Pela primeira vez na história do Reino Unido, uma mulher foi sujeita a um transplante de útero. A operação aconteceu em Fevereiro, no Hospital Churchill, em Oxford, depois de a sua irmã, de 40 anos, que já tinha dois filhos e não pretendia ter mais, lhe ter doado o útero.

A mulher, de 34 anos, nasceu com síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser e, por isso, sem útero. Note-se que a síndrome consiste numa doença rara em que a mulher nasce com o útero ou a vagina subdesenvolvidos ou sem o primeiro.

A cirurgia, que demorou mais de nove horas e que envolveu mais de 30 funcionários, foi um "enorme sucesso", afirma um dos cirurgiões-chefe, Richard Smith, segundo o jornal The Guardian. "Acho que foi provavelmente a semana mais stressante da minha carreira cirúrgica, mas foi também incrivelmente positiva. A doadora e a receptora estão nas nuvens", comentou. As perspectivas são de que o órgão dure no máximo cinco anos, sendo que terá de ser posteriormente removido.

Os ovários da mulher continuam funcionais, o que significa que poderá engravidar através de um tratamento de fertilidade. A receptora está a planear ter dois filhos e, para tal, tenciona fazer fertilização in vitro até ao final do ano.

Até ao momento, já foram aprovadas dez cirurgias, que envolvem dadores em morte cerebral, e outras cinco que envolvem dadores vivos. A segunda operação já está planeada para o próximo Outono e as futuras receptoras estão em fase de preparação. Em outras partes do mundo, como na Suécia, na Alemanha ou nos EUA, já foram feitos procedimentos deste género.

A possibilidade de um transplante de útero abriu uma janela de esperança para todas as mulheres, cujo órgão não está funcional ou teve de ser retirado. Segundo Richard Smith, entre "20 a 30 [mulheres] por ano" podem beneficiar deste procedimento no Reino Unido num futuro próximo, sendo que a doação seria feita por uma pessoa viva.

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