Diários de Amy Winehouse divulgados. Incluem revelações inéditas, do amor à dependência

Os excertos dos diários da cantora britânica foram divulgados pelos seus pais, a propósito daquele que seria o seu 40.º aniversário, a 14 de Setembro.

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A cantora morreu aos 27 anos Reuters/ANDREW WINNING
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Amy Winehouse morreu há 12 anos, mas continua a deixar marca no mundo artístico. A 14 de Setembro, completaria 40 anos e, para assinalar a data, os pais partilharam os diários da artista com o mundo. Nos excertos partilhados com o jornal britânico The Telegraph, Amy fala sobre a adolescência, a dependência ou o casamento, tudo temas que serviam de mote para as suas canções.

De tudo o que aconteceu a Amy Winehouse é a sua expressão artística que fica nos fãs. Ler os seus diários, explicam os pais, Mitch e Janis, é uma forma de tentar compreender melhor o que se passava dentro da cabeça da artista, que foi encontrada morta a 23 de Julho de 2011 no seu apartamento em Londres, quando tinha apenas 27 anos. A autópsia determinou que não teria passado de um acidente, mas Winehouse tinha bebido cinco vezes mais álcool do que o limite determinado no Reino Unido.

A sua vida será publicada em livro no final deste mês, Amy Winehouse: In Her Words. A obra editada no Reino Unido pela chancela HarperCollins, incluirá excertos dos diários agora divulgados. Também estarão disponíveis os rascunhos das letras das canções, feitas pela própria mão de Amy Winehouse, na sua imaculada letra redonda.

A personalidade da cantora começou a definir-se ainda antes do nascimento, contam com humor os pais ao Telegraph. “Veio ao mundo quatro dias atrasada e sempre brincamos que estava atrasada par tudo, incluindo para o próprio nascimento. Podia ser adorável e charmosa, mas, se não estivesse feliz, todos saberiam.”

Feliz ou triste, “adorava ser o centro de atenções” e, com frequência, os pais tinham de lhe pedir que se calasse ─ “‘Cala a boca, Amy.’ Foi provavelmente a frase mais ouvida em nossa casa.” Como tal, sempre se destacou entre a multidão e ter os holofotes apontados na sua direcção nunca a incomodou. “Estou feliz por ser diferente. Não é como se quisesse ser como toda a gente. Gosto de ter o meu estilo. Amo ser alta e falar com as pessoas. É quem sou”, pode ler-se no diário.

Essa faceta de Amy fazia com que a escola a aborrecesse e era no cinema, na música ou na poesia que encontrava ânimo. “Declamava letras ou cantava a melodia depois de ouvir a música apenas uma ou duas vezes”, conta a mãe. Frank Sinatra ou Ella Fitzgerald marcaram a infância da cantora, que também adorava Mary Poppins ou até hinos judaicos.

Nas páginas do diário também relata a adolescência e as paixonetas típicas daquela idade. “Às vezes pergunto-me se existe alguém por aí tão louco quanto eu. Um rapaz simpático de cabelos escuros, que use óculos, um verdadeiro homem indie. Os piercings são opcionais e tem de ter sotaque escocês ou irlandês”, definia, confessando que os amigos do irmão se encaixam naquela categoria.

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A cantora tinha tatuado o nome do namorado na mama esquerda Kieran Doherty

O homem da sua vida foi Blake Fielder-Civil, com quem namorou durante seis anos e foi casada entre 2007 e 2009. Conheceram-se num bar em Camden Town em Londres e não demorou até que Amy trocasse o namorado de então por Civil. Bastaram mesmo seis meses de paixão para que tatuasse no seu nome na mama esquerda e ele escrevesse Amy atrás de uma orelha.

A relação não foi, todavia, um conto de fadas e há relatos de abuso de álcool, drogas e violência por parte de ambos, além de outros problemas com a lei. Aliás, quando Amy Winehouse morreu, o ex-marido estava na prisão, a cumprir uma sentença de 32 meses por assalto à mão armada.

Sofrimento como fonte artística

A euforia com que Amy Winehouse escrevia na adolescência contrasta com a escuridão que a abala na idade adulta, quando continua a preencher avidamente os diários. “Odeio o meu génio. Às vezes isso consome-me tanto que me torno fisicamente violenta com os que amo. Por mais que diga ‘sinto muito’, é algo que nunca poderão esquecer”, confessa.

Quando discutia com os pais, contam, interrompia a meio da disputa para ir escrever no diário o que tinha acabado de se passar. “Anos depois, algumas dessas palavras acabaram numa canção”, diz o pai, Mitch.

Esta descrição feita pelo pai encaixa-se na história do sucesso Rehab. “Chegou a casa e contou-me que os seus então gerentes de carreira estavam preocupados com o facto de beber tanto. Queriam que fosse fazer um tratamento profissional. Disse-me: ‘Não quero ir, pai’.”

Depois de ler os diários, os pais dizem não conseguir ainda compreender se a composição artística era uma catarse para Amy ou se o sofrimento se perpetuava por escrever sobre isso. Certo é que “criava tanto nos períodos mais felizes, como nos momentos sombrios do vício.”

Ler as suas palavras ajudou a amenizar a dor da perda e é esse mesmo efeito que esperam ter nos fãs. “Olhar para estes rabiscos ainda nos faz sorrir, assim como Amy fazia. Claro, não podemos encobrir a sua história. Era uma dependente e, sim, a sua vida era caótica”, terminam.

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