Açores: Falta de mão-de-obra deixa restaurantes a “meio gás”

Na área do sector do turismo, avalia associação de hotelaria e restauração, “faltam 14 mil pessoas” nos Açores.

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A situação "é transversal" ao arquipélago, mas piora em São Miguel, Terceira, Pico, Faial, Flores e Santa Maria. dr

A delegação nos Açores da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) alertou esta sexta-feira para uma grave falta de mão-de-obra no sector, o que motiva o funcionamento a "meio gás" de alguns estabelecimentos.

"Infelizmente, esta é a realidade que estamos a passar nesta época alta, uma situação que a AHRESP já tinha afirmado que poderia vir a acontecer e que se tornou realidade", afirmou a presidente da estrutura regional da associação, Cláudia Chaves, em declarações à agência Lusa.

Segundo a empresária, a situação "é transversal" ao arquipélago açoriano, mas verifica-se de forma mais acentuada nas ilhas com mais fluxos turísticos, como São Miguel, Terceira, Pico, Faial, Flores e Santa Maria.

"Os empresários tentam recrutar, mas infelizmente essa mão-de-obra não aparece", vincou Cláudia Chaves.

De acordo com a responsável, na área do sector do turismo, directa e indirectamente, "faltam 14 mil pessoas" nos Açores.

E é, sobretudo, a restauração que enfrenta "sérios problemas" de recrutamento, pelo que alguns espaços "não têm possibilidade" de manterem portas abertas durante todo o dia e optam por "fechar mais do que uma vez por semana", segundo a presidente da AHRESP nos Açores.

"E muitos optam pelo almoço ou jantar. Encerram num daqueles períodos por falta de mão-de-obra", contou, acrescentando que os restaurantes não conseguem prolongar os seus horários de atendimento.

Cláudia Chaves reforçou que aquelas foram soluções rápidas que os restaurantes encontraram para sobreviverem na época alta com a falta de mão-de-obra.

Para a presidente da estrutura da AHRESP nos Açores, os horários de trabalho no setor são um dos principais problemas, a par da questão dos transportes públicos.

"Tem de haver uma alteração da legislação ao nível do Código do Trabalho. As pessoas nem sequer aparecem nas entrevistas por causa dos horários que lhes são apresentados. Os horários deviam ser jornada contínua, entre manhã e almoço, e, num segundo período, entre a tarde e o jantar", explicou à Lusa.

Além disso, os trabalhadores e candidatos a empregos na restauração, bares e similares "queixam-se também da falta de transportes públicos no horário nocturno", assinalou.

No seu entender, é preciso "sentar rapidamente à mesa" as associações, o Governo Regional, os sindicatos e as escolas profissionais e avaliar eventuais alterações à legislação ao nível do Código do Trabalho para tornar o sector do turismo "atractivo" em termos profissionais.

"Tudo isto é um trabalho em conjunto que já deveria estar feito, tornar atractiva a área do turismo, porque é uma aposta que o Governo Regional está a fazer. Queremos ter restaurantes com qualidade de serviço mas, para isso, temos de ter pessoas qualificadas e para alcançar este objectivo tem de haver atractividade no sector", defendeu Cláudia Chaves.

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