Partido de Shinawatra abandona coligação para liderar governo tailandês

Com a intenção do ex-primeiro-ministro de regressar do exílio para a semana, o Pheu Thai deixa a aliança progressista para formar governo com apoio dos partidos próximos da junta militar.

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Apoiantes do partido Avançar protestando contra a mudança de posição do Pheu Thai RUNGROJ YONGRIT/EPA
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A coligação que ganhou as eleições legislativas de Maio na Tailândia desmoronou-se. Depois do falhanço do líder do partido progressista Avançar, Pita Limjaroenrat, de ser eleito primeiro-ministro, ao não lograr apoio suficiente no Parlamento, o segundo partido mais votado, o Pheu Thai, anunciou nesta quarta-feira a decisão de romper com a aliança de oito partidos.

Quem o disse nesta quarta-feira foi Chonlanan Srikaew, líder do Pheu Thai, em declarações ao diário The Nation citadas pela Europa Press: “Retiramo-nos da coligação e procuraremos novas alianças para formar governo.”

Chonlanan explicou que as aspirações de Limjaroenrat de flexibilizar muitas das normas restritivas que amparam a monarquia, instituição considerada sagrada pela Constituição, impediram muitos deputados de votar no líder do Avançar para chefiar o executivo.

O Pheu Thai, a terceira encarnação do partido fundado pelo antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, derrubado por um golpe militar em 2006 e a viver no exílio, poderá agora juntar-se a uma das forças políticas apoiadas pela junta militar no poder (depois de novo golpe em 2014) para conseguir os apoios suficientes para formar governo. O Pheu Thai conseguiu eleger 141 deputados nas eleições de 14 de Maio, contra 152 do Avançar.

O partido já fez saber que não irá mudar o artigo 112.º do Código Penal, que protege a monarquia tailandesa, e que apresentará Srettha Thavisin, empresário do ramo imobiliário, como candidato a primeiro-ministro.

Ao mesmo, o Pheu Thai assegurou que continua aberto a trabalhar com o Avançar em propostas progressistas comuns, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a revisão constitucional, a reforma do Exército e o fim dos monopólios, especialmente na questão das bebidas alcoólicas.

Uma nova votação para primeiro-ministro está prevista para esta semana, depois da nomeação de Limjaroenrat ter sido bloqueada duas vezes pelos conservadores.

Rangsiman Rome, deputado do Avançar, afirmou aos jornalistas estar chocado com a decisão do Pheu Thai. “Pensava que estávamos casados. Hoje… é como se fosse um divórcio”, disse, citado pela Reuters. Rangsiman falava na sede do seu partido, onde mais de 100 pessoas se juntaram para protestar.

“Traíram o povo”, gritaram alguns, insatisfeitos com a acção do Pheu Thai.

De acordo com a Constituição tailandesa, revista durante a ditadura militar, o primeiro-ministro é escolhido em plenário pelas duas câmaras do Parlamento.

De acordo com a imprensa tailandesa, as movimentações do Pheu Thai estão relacionadas com o desejo de Thaksin de regressar do seu exílio auto-imposto ao fim de 15 anos. De acordo com a filha, Paetongtarn Shinawatra, o pai deve voltar ao país na próxima semana.

Thaksin Shinawatra terá de responder por acusações de corrupção e abuso de poder ainda pendentes e que ele garante serem motivadas politicamente.

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