Primeiro-ministro tailandês que liderou golpe militar em 2014 retira-se da política

Nove anos depois de ter tomado o poder à força e governado o país com mão de ferro, o general Prayuth Chan-ocha abandona o Partido da Nação Tailandesa Unida.

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O general Prayuth chegou a primeiro-ministro em 2019, depois de cinco anos à frente de uma junta militar Reuters/JORGE SILVA
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Prayuth Chan-ocha, primeiro-ministro da Tailândia e o líder do golpe militar de 2014 naquele país asiático, anunciou esta terça-feira que vai abandonar o seu partido e retirar-se da política assim que houver sucessor.

O anúncio surge dois meses depois de o Partido da Nação Tailandesa Unida ter ficado em quinto lugar nas eleições legislativas — vencidas pelos progressistas e sociais-democratas do Partido Avançar — e acontece a poucos dias de os membros das duas câmaras da Assembleia Nacional se reunirem para escolherem o próximo primeiro-ministro.

À frente de uma junta militar a partir de 2014, o general Prayuth chegou a primeiro-ministro em 2019 com o apoio do Palang Pracharath, o partido que elegeu mais deputados após as eleições desse ano.

A sua governação foi marcada por denúncias de autoritarismo, de corrupção, de militarização da política, de má gestão económica e de fraca resposta à pandemia de covid-19, e Prayuth foi várias vezes acusado pelos seus críticos de ser um oportunista.

Às críticas da oposição no Parlamento juntaram-se dezenas de milhares de pessoas, particularmente no meio estudantil, que em 2020 e 2021 saíram à rua recorrentemente para exigir reformas democráticas e pedir um papel menos central da monarquia na sociedade e na política do país.

Não obstante, na sua mensagem de despedida, Prayuth disse que a sua governação obteve “muitos êxitos”.

“Enquanto primeiro-ministro, trabalhei arduamente para proteger a nação, a religião e a monarquia”, defendeu num comunicado citado pela Reuters. “Fortaleci o país em todas as áreas para conseguir estabilidade e paz e superei muitos obstáculos a nível nacional e internacional.”

Resta agora saber quem lhe sucederá no cargo. A vitória do Avançar não garante que o seu líder, Pita Limjaroenrat, será primeiro-ministro.

De acordo com o sistema político tailandês, o candidato ao posto precisa da maioria dos 750 membros do Parlamento (500 deputados e 250 senadores), ou seja, pelo menos 375 votos.

A grande incógnita prende-se com o facto de todos os senadores em funções terem sido nomeados pela junta militar que tomou o poder em 2014, pelo que a sua lealdade ainda pode estar com os partidos mais conservadores e próximos do Exército.

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