Os jogos analógicos são lubrificantes sociais no Verão

Porque são analógicos, somos nós que controlamos e decidimos. Estes novos jogos são imensamente poderosos, pois temos opções para todas as situações e preferências de jogo.

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Voltei recentemente de férias, da minha habitual ida ao Algarve para levar os miúdos a banhos de mar e de Sol, tal como visitar alguns familiares. Como sempre, seguimos com o automóvel cheio de material de apoio, nisto incluem-se jogos, mais concretamente, jogos analógicos.

Mas o que é isto dos jogos analógicos? Simplificando, são jogos que precisam que os jogadores os activem directamente. Ou seja, exigem que saibamos as regras, e que estejamos conectados ao jogo para ele funcionar. Sem isso quebra-se o círculo mágico, onde o tempo e o espaço se distorcem e a imaginação nos pode levar a novos espaços colectivos e narrativas.

Outra característica dos jogos analógicos são os componentes físicos, as peças que mexemos e dão significado ao jogo, mas também os elementos de interacção. A interface é física e não existem barreiras entre nós e o sistema de jogo, reforçando a naturalidade das interacções humanas. O nosso adversário, aliado ou agente que traz variedade e surpresa ao jogo está mesmo à nossa frente, em toda a sua riqueza experiencial.

Com estes jogos na mala, seguimos com várias opções jogáveis. Umas para jogar na toalha de praia, outros nas mesas dos cafés, restaurantes e espaços comuns nos hotéis. Para além de serem meios de interacção entre a nossa família, também nos aproximaram de pessoas que se cruzam connosco. Ter um jogo deste tipo exposto numa mesa, com pessoas a expressarem momentos agradáveis surpreende quem passa. Hoje mais que nunca, contrasta com os aglomerados de pessoas coladas aos ecrãs, especialmente crianças.

Este ano, como habitualmente, algumas crianças aproximaram-se e, com isso, os pais e avós. Perguntaram o que estávamos a jogar, que aquilo parecia o Catan. Não era. Por acaso era o Cascadia, mais rápido e simples para jogarmos com os miúdos.

Isto tudo para dizer que nos espaços de partilha, como são as praias, os hotéis, cafés e afins, os telemóveis e os ecrãs estão a afastar as pessoas. Podia ser diferente. Aplicações há muitas, e podem servir para nos aproximar e interagir presencialmente em actividades de partilha, seleccionadas de acordo com as preferências pessoais, caso as saibamos usar. Mas se não nos abrirmos a coisas novas ou reinventadas, fora da nossa bolha, dificilmente podemos perceber se outras coisas nos proporcionam também boas experiências.

Os jogos analógicos, de mesa, tabuleiro, cartas ou afins permitem fazer isto. Quando jogados em público são formas de partilha e lubrificantes sociais. Através de um jogo destes saltamos o desconforto das abordagens entre desconhecidos com quem sentimos empatia ou queremos interagir. Fazemos como as crianças, convidamos para jogar e gradualmente abrimos a conversa.

Os jogos podem ser o mote para recuperarmos a socialização que nos é inata. Acontece naturalmente, pois aproxima-se quem quiser, tal como quem joga pode convidar ou não. Porque são analógicos, somos nós que controlamos e decidimos. Estes novos jogos, com novidades a serem constantemente publicadas, são imensamente poderosos, pois temos opções para todas as situações e preferências de jogo.

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