Marca suíça Swatch processa a Malásia por confiscar relógios “pride

As autoridades malaias apreenderam 172 relógios de 16 pontos de venda por terem escritas a iniciais LGBTQ no mostrador. A homossexualidade é considerada crime na Malásia.

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O processo foi iniciado em Maio, mas a audição em tribunal está agendada para esta semana Reuters/PASCAL LAUENER

A marca relojoeira suíça Swatch está a processar o governo da Malásia por confiscar os relógios da colecção Pride, com arco-íris, que celebram os direitos LGBTQ. A empresa acusa as autoridades malaias de terem prejudicado a sua reputação naquele mercado e exige não só a devolução dos relógios, como uma indemnização.

O caso recua até Maio quando as autoridades confiscaram os relógios da colecção Pride da Swatch por estes terem escrito as iniciais da comunidade LGBTQ no mostrador ou a bandeira arco-íris na pulseira, anunciou o gabinete do primeiro-ministro, Anwar Ibrahim. A marca acusa a manobra de “ilegal”, revelando que foram confiscados 172 relógios de 16 pontos de venda, pode ler-se nos documentos entregues em tribunal a que a Reuters teve acesso.

O processo judicial iniciou-se a 24 de Junho no Supremo Tribunal de Kuala Lumpur, mas só chegou a público esta segunda-feira, numa notícia avançada pelo site de notícias Malay Mail.

“Sem dúvida, os relógios apreendidos não são uma forma de causar disrupção na ordem pública, imoralidade ou qualquer outra violação da lei”, defende a Swatch. Isto porque, de acordo com as autoridades malaias, os modelos foram apreendidos como tendo elementos que promovem os direitos LGBTQ, violando assim a lei. A homossexualidade é um crime na Malásia, um país predominantemente muçulmano, e as organizações civis têm avisado para o aumento da intolerância contra a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e queer (LGBTQ).

Contudo, a maioria dos relógios apreendidos não tem escritas as iniciais do movimento queer, mas apenas a bandeira arco-íris, defende a empresa, que diz ter sido prejudicada em 64.795 ringgits malaios (cerca de 12.745 euros). Como tal, exige uma indemnização pelos danos e a devolução dos relógios, afirmando que a sua operação naquele país foi “gravemente prejudicada” com estas apreensões.

Até agora, a empresa não voltou a comentar o processo, tal como o gabinete do primeiro-ministro não respondeu aos pedidos de comentários. Sabe-se que está marcada uma audição em tribunal para esta quinta-feira, 20 de Julho.

Só no último ano, 18 pessoas foram detidas numa festa de Halloween organizada pela comunidade LGBT. A perseguição, além da confiscação dos relógios, enquadra-se num cenário de futuras eleições regionais que vai opor o primeiro-ministro Anwar Ibrahim a um grupo mais conservador.

Ibrahim tem sido acusado de não fazer o suficiente para proteger os direitos dos muçulmanos na multirracial Malásia. O político tem procurado defender que o seu governo vai manter os princípios do Islamismo e garantiu que os direitos da comunidade LBGTQ nunca virão a ser reconhecidos pelo seu governo.

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