China e Rússia realizam exercícios militares conjuntos no mar do Japão

Manobras envolvem Marinha e Força Aérea dos dois países e têm como objectivo a manutenção da “segurança de corredores marítimos estratégicos”.

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Cinco navios de guerra e quatro helicópteros chineses partiram este sábado do porto de Qingdao Reuters/STRINGER
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O Ministério da Defesa da República Popular da China anunciou este sábado a realização de exercícios militares conjuntos das Forças Armadas chinesas com a Marinha e a Força Aérea da Federação Russa no mar do Japão.

Segundo o Governo chinês, os objectivos das manobras são “salvaguardar os interesses nacionais de ambas as partes” e manter a “segurança de corredores marítimos estratégicos”, nomeadamente os estreitos de Tsushima, La Pérouse e Tsugaru.

“Os exercícios conjuntos visam aumentar o nível de cooperação estratégica entre as Forças Armadas chinesas e russas, assim como reforçar as capacidades de ambas as partes para salvaguardar, em conjunto, a paz e a estabilidade regionais, perante vários desafios securitários”, refere o comunicado do Ministério da Defesa chinês, citado pelo South China Morning Post.

De acordo com o Global Times – jornal do Partido Comunista Chinês em língua inglesa – cinco navios de guerra e quatro helicópteros partiram este sábado de manhã do porto chinês de Qingdao, na província de Shandong, rumo às águas onde vão ter lugar os exercícios, cuja data de início não foi revelada.

O mar do Japão é um mar interior, separado do oceano Pacífico pelo arquipélago japonês. A ocidente banha a Rússia, a China, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e é uma importante via marítima comercial e militar para todos estes países.

O Global Times sublinha que é a apenas a segunda vez que as forças militares russas participam neste exercício anual chinês e que é a primeira vez que Moscovo envia, ao mesmo tempo, meios navais e aéreos para manobras deste género.

Dando corpo à sua “parceria sem limites”, anunciada pouco antes da invasão russa da Ucrânia, Rússia e China têm intensificado o número de exercícios conjuntos e aumentado os meios envolvidos nos últimos anos, também em resposta ao crescente número de exercícios entre Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos naquela zona do globo.

A deterioração das relações entre EUA e China, a par do isolamento internacional da Rússia promovido pelo Ocidente, em resposta à agressão militar ao território ucraniano, têm aproximado russos e chineses e oferecido sustento à realização deste tipo de manobras, sublinham os analistas.

“O azedar das relações entre China e EUA, e entre EUA e Rússia, estão a empurrar Pequim para perto de Moscovo”, afirma Zhou Chenming, investigador do think tank chinês Yuan Wang.

“Mais isolamento da China e da Rússia só vai levar o Exército da Libertação do Povo Chinês e as forças russas a levarem a cabo mais exercícios militares conjuntos”, prevê, citado pelo South China Morning Post.

O Governo chinês recusa condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e, desde o início do conflito, tem vindo a reforçar os seus laços diplomáticos, comerciais, energéticos e militares com o Kremlin.

O executivo japonês tem estado atento aos exercícios militares conjuntos na sua vizinhança e na mais recente revisão da sua política de segurança e defesa – que incluiu o maior aumento do seu orçamento militar desde a II Guerra Mundial – colocou a Rússia e a China no topo da lista de “desafios estratégicos” do Japão para as próximas décadas.

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