Raimundo recusa que país seja “um lamaçal” e pede rapidez na investigação ao PSD

O líder do PCP garante que todos os assessores do partido estão nomeados na Assembleia da República e que “efectivamente dão um contributo ao trabalho do Parlamento”.

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Paulo Raimundo fez declarações aos jornalistas no final de uma visita à sede da Jornada Mundial da Juventude LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O secretário-geral comunista defendeu esta quarta-feira que é do interesse de todos que se esclareçam as suspeitas sobre o uso de verbas do Parlamento para financiar os partidos, recusando a ideia de que "o país é um lamaçal".

"Acho que é do interesse de todos os partidos, e da democracia em si mesma, que rapidamente esclareçam essas questões", afirmou Paulo Raimundo, considerando que, se as dúvidas não forem esclarecidas, cria-se "uma neblina e misturam todos no mesmo saco".

Questionado pelos jornalistas à margem de uma visita à sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Paulo Raimundo disse que ainda não conseguiu perceber o que está em causa do ponto de vista legal mas adiantou que, no caso do PCP, não há "nenhum desses problemas".

"No nosso caso, por exemplo, nós temos todos os nossos assessores nomeados na Assembleia da República a tempo inteiro ou tempo parcial. Efectivamente dão um contributo ao trabalho do Parlamento, uns do ponto de vista regional, outros do ponto de vista sectorial" ou nalguma "matéria" e, "portanto, estamos à vontade desse ponto de vista", declarou.

Para o secretário-geral comunista, tem havido "algum tipo de situações recorrentes que têm vindo a manchar aquilo que é a política e os políticos em Portugal", insistindo na necessidade de rapidamente serem esclarecidas as dúvidas que são levantadas. "O país não é um lamaçal. Nós não alimentamos a ideia de que o país é um lamaçal", disse.

Na quarta-feira, a Polícia Judiciária mobilizou cerca de 100 inspectores e peritos para buscas na casa do ex-presidente do PSD Rui Rio e na sede nacional do partido, por suspeitas dos crimes de peculato e abuso de poderes.

Em causa, segundo a CNN, que esteve em directo desde o início das buscas, estão suspeitas de um alegado uso indevido de dinheiros públicos, através de verbas da Assembleia da República definidas para a assessoria dos grupos parlamentares e que seriam utilizadas para pagar a funcionários do partido que não trabalhariam no Parlamento.

Em declarações aos jornalistas, dentro do carro, ao chegar à sua residência no Porto, o ex-presidente do PSD Rui Rio considerou que o objectivo das buscas domiciliárias de que foi alvo é afectar a sua imagem, afirmando que os pagamentos em causa "não são ilícitos" e acontecem em todos os partidos.

Problema da NATO não é se a Suécia adere

O secretário-geral do PCP considerou também na mesma visita à JMJ que o "grande problema" da NATO não é se a Suécia adere ou não, mas sim ser uma organização "instigadora" da guerra.

"Há uma coisa que sabemos: É que o papel que a NATO tem tido ao longo da sua existência não tem sido propriamente um papel, ao contrário daquilo que supostamente seria, nem defensivo, nem de apaziguamento, é de fomento da guerra. Portanto, esse é que é o grande problema da NATO, não é se a Suécia entra ou não entra", afirmou Paulo Raimundo.

Segundo o comunista, o papel da NATO tem sido de "instigadora" da guerra e de participação na guerra, ao sabor daquilo que são os interesses dos Estados Unidos da América (EUA).

Na quarta-feira, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que o parlamento turco ratificará "logo que possível" a adesão da Suécia à NATO, mas nunca antes do próximo mês de Outubro.

"Existem férias parlamentares de dois meses e muitos acordos internacionais para examinar, muitas propostas legislativas que devem ser discutidas por ordem de importância", sublinhou o chefe de Estado turco em declarações aos média à margem da cimeira da NATO que terminou na quarta-feira em Vílnius, na Lituânia.

Na segunda-feira, Erdogan pôs termo a 14 meses de bloqueio ao levantar o seu veto de adesão da Suécia à NATO. No entanto, o chefe de Estado turco advertiu Estocolmo contra novos atentados ao Corão, livro sagrado do islamismo.

"Esperamos que a Suécia não tolere mais ataques contra o Corão que ofendem mais de dois mil milhões de muçulmanos no mundo", afirmou.

Por duas vezes nos últimos meses, a última em finais de Junho, páginas do Corão foram queimadas em manifestações públicas na Suécia, acções qualificadas como "terroristas" e "bárbaras" por Erdogan.

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