Temperatura média da Terra bateu novo recorde acima dos 17 graus

Temperatura média da Terra continua a subir: é o quarto recorde esta semana. Os dados ainda não foram confirmados pela NOAA, mas a agência garante que o impacto do aquecimento global é notório.

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Calor em Pequim a 6 de Julho de 2023 TINGSHU WANG/REUTERS

A temperatura média da Terra bateu um novo recorde de calor na quinta-feira acima dos 17 graus Celsius, de acordo com dados do Climate Reanalyzer da Universidade do Maine, nos Estados Unidos. Segundo a fonte, que se baseia em dados de satélite e simulações de computador para fazer as medições, a temperatura média global na quinta-feira foi de 17,23 graus Celsius.

A média de quinta-feira superou a marca de terça-feira de 17,18, que foi igualada na quarta-feira. Na segunda-feira a média registada tinha sido de 17,01, segundo registos não oficiais.

A Agência dos EUA para a Atmosfera e os Oceanos (NOAA, na sigla em Inglês) emitiu na quinta-feira uma nota de cautela sobre a informação divulgada pela Universidade do Maine, dizendo que não poderia confirmar os dados que resultam em parte de simulações de computador. "Embora a NOAA não possa validar a metodologia ou a conclusão da análise da Universidade do Maine, reconhecemos que estamos num período quente devido às mudanças climáticas", disse a NOAA.

Ainda assim, os dados do Maine têm sido amplamente considerados como um sinal preocupante da mudança climática em todo o mundo. Alguns cientistas do clima disseram esta semana que não ficaram surpresos com os registos não oficiais.

Compromissos climáticos falham

Robert Watson, cientista e ex-presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU, disse que os governos e o sector privado "não estão realmente comprometidos em lidar com as mudanças climáticas".

Os cientistas alertam há meses que 2023 poderá registar recordes de calor à medida que as mudanças climáticas causadas pelo homem, impulsionadas em grande parte pela queima de combustíveis fósseis como carvão, gás natural e petróleo, aquecem a atmosfera.

Estas observações são provavelmente uma antecipação do que aí vem com o fenómeno designado El Niño – geralmente associado a um aumento das temperaturas à escala mundial –, complementado com os efeitos do aquecimento climático causado pela actividade humana.

Como explicava ao Azul nesta quinta-feira o responsável pela Divisão de Clima e Alterações Climáticas do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), Ricardo Deus, estes recordes “podem acontecer cada vez mais no futuro”. Mas estes recordes consecutivos não são algo incomum: nas últimas duas décadas, tem sido “frequente alcançar novos valores de temperaturas e que esses extremos de temperatura sejam batidos até nos dias seguintes”, explicou Ricardo Deus, em conversa com o Azul.

No entanto, é sintomático do aquecimento do planeta: “Todos nós conseguimos perceber que estamos a viver num clima diferente e uma das diferenças que temos constatado, precisamente com reflexo no nosso território continental, tem a ver com a temperatura do ar.”

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