Morreu Serge Vieira, galardoado chef luso-francês detentor de duas estrelas Michelin

Chef morreu vítima de doença prolongada, aos 46 anos. Era detentor de um troféu Bocuse d’Or e duas estrelas Michelin. A missão era pôr Chaudes-Aigues, onde vivia, no mapa da culinária – conseguiu.

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Serge Vieira era filho de emigrantes portugueses radicados em França Instagram de Serge Vieira

O chef luso-francês Serge Vieira, detentor de um troféu Bocuse d'Or e duas estrelas Michelin, morreu este sábado, em França, vítima de doença prolongada. A informação foi avançada pela família através das redes sociais do próprio, numa nota onde se lê que a missão de Vieira foi cumprida. Colocou a zona onde vivia, Chaudes-Aigues, na região de Auvergne, no mapa da culinária mundial. Deixa a mulher, Marie-Aude, e dois filhos.

"Serge Vieira acaba de deixar este mundo após uma longa batalha contra a doença", começa a mensagem. "Conhecemos o amor de Serge pela região e pelo seu desejo de colocar Chaudes-Aigues e Cantal no mapa dos destinos gastronómicos. Em simbiose com a esposa Marie-Aude, a missão foi cumprida e vêm pessoas de longe para saborear tanto a gastronomia como o enquadramento natural", continua o texto, notando que os amigos, familiares e funcionários dos seus dois restaurantes estão "empenhados em continuar a honrar uma herança de alto nível".

Além do Restaurante Serge Vieira, com duas estrelas Michelin desde 2009, o chef geria o bistrô e hotel Sodade, com a mulher. Em 2005, com 27 anos, venceu o famoso concurso Bocuse d'Or, considerado por muitos como as olimpíadas da culinária desde que foi criado, em 1987, pelo chef francês Paul Bocuse. Foi em Portugal que aprendeu a cozinhar.

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Vieira renovou o antigo castelo de Couffour para criar um restaurante Instagram de Serge Vieira

Raízes portuguesas

Criado numa família de cinco filhos de origem portuguesa, foi na casa da avó, em Guimarães, onde Serge Vieira deu os primeiros passos na culinária. Em pequeno, o prato preferido era caldo verde. Possivelmente a acompanhar o pão que fazia com a avó no forno a lenha. "Devo a minha carreira à minha avó, com quem aprendi as primeiras regras da cozinha", lê-se num artigo de 2005 do PÚBLICO a propósito da conquista do prémio Bocuse d'Or.

"Não me sinto o melhor cozinheiro do mundo", partilhava na altura, prometendo abrir um restaurante para "provar" se merecia ou não o troféu. Via a cozinha como uma área em que podia exercitar a criatividade.

Quatro anos mais tarde, a promessa tornou-se realidade quando abriu o primeiro restaurante com a mulher, Marie-Aude. Escolheram a cidade termal de Chaudes-Aigues e com a ajuda do município transformaram o antigo castelo de Couffour num restaurante e casa de hóspedes. Vieira sempre se focou em promover os produtos locais e os agricultores locais, conquistando a primeira estrela Michelin em 2010 e a segunda em 2012. Em 2019 abriu o hotel e bistrô Sodade, também em Chaudes-Aigues.

Nas redes sociais, a família promete manter a "experiência Vieira" viva nos espaços.

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