A vida no campo: As janelas são de abrir, o novo single de André Henriques

Veja o videoclipe do segundo single do segundo álbum a solo do vocalista e guitarrista dos Linda Martini. A realização é de Paulo Segadães.

O que vemos: plantas ressequidas, algumas, poucas, verdes, algumas em flor; um homem que pega numa guitarra acústica e faz música. A música que ouvimos: a guitarra em loop, tapeçaria delicada; uma voz pensativa; um clarinete que tudo agracia, percussão e pouco mais. A canção começa lenta e acaba sem drama, como quem deixa uma conversa interrompida.

Eis As janelas são de abrir, assim se chama o segundo single do segundo álbum de André Henriques (o homem que canta entre as plantas), vocalista e guitarrista dos Linda Martini. O vídeo, que o Ípsilon apresenta aqui em primeira mão, é realizado por Paulo Segadães, fotógrafo, realizador e também músico, velho conhecido de Henriques.

Foi filmado num “plano sequência em câmara lenta”, numa “estética cinematográfica que dá espaço à música e à sua contemplação”, resume Henriques ao Ípsilon.

A estética condiz com o momento da vida do músico, que se estreou a solo com Cajarana, em 2020. "Se no primeiro disco falava no desejo de fuga da cidade, agora que finalmente fugi dou por mim a cantar sobre a cidade que ainda trago cá dentro”, diz-nos, por escrito.

Assim é, ouçamo-lo na cantiga: “Agora que troquei aviões por pássaros / Sei que trazem menos gente e as janelas são de abrir / Agora que troquei multidões encarceradas por rebanhos nas encostas”.

“Todos os dias, depois de deixar os meus filhos na escola, passo por um monte onde estão umas ovelhas a pastar”, explica ao Ípsilon. “Quase sempre coincide com a informação de trânsito na rádio. Enquanto desacelero antes da curva para ver melhor o rebanho, oiço relatos de acidentes, demoras, filas, estradas a evitar e alternativas para chegar ao destino. Fico retido na memória das horas infinitas que gastei dentro do carro, no comboio e no metro, a caminho de um trabalho que me pagava as contas, mas que me deixava profundamente infeliz. Esta canção começou nessa curva e foi talvez a primeira que fiz depois da mudança de casa.”

Para a gravação do novo álbum, André Henriques esteve em estúdio com dois músicos brasileiros, o baterista e percussionista Domenico Lancellotti (Orquestra Imperial, Adriana Calcanhotto) e o multi-instrumentista Ricardo Dias Gomes (Caetano Veloso).

O álbum, que será editado na segunda metade do ano, foi gravado em Lisboa e contou com outra colaboração vinda do Brasil, na mistura e masterização, Daniel Carvalho, no estúdio Dois Irmãos (Rio de Janeiro).

O disco será apresentado no Teatro Maria Matos, em Lisboa, a 15 de Novembro. André Henriques actua também na Casa da Música Jorge Peixinho, no Montijo, a 22 de Setembro.