PSD, PS, CDS e JPP propõem eleições na Madeira a 24 de Setembro, só PCP quer Outubro

Representantes dos partidos com assento parlamentar na Madeira estão a ser recebidos pelo Presidente da República para a escolha da data das eleiçõs regionais deste ano.

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Edgar Silva considera que a distribuição de votos à direita está em aberto LUSA/MIGUEL A. LOPES
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O PSD, o PS, o CDS e o Juntos pelo Povo (JPP) propõem que as eleições regionais da Madeira deste ano se realizem a 24 de Setembro, enquanto o PCP prefere Outubro.

As posições foram transmitidas aos jornalistas, nesta quarta-feira à tarde, depois de os representantes regionais dos partidos serem recebidos pelo Presidente da República para a escolha da data das eleições. A decisão de Marcelo Rebelo de Sousa será comunicada posteriormente.

Com os novos partidos como o Chega e a IL à espreita, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, recusa estabelecer "linhas vermelhas" a forças políticas que "foram aprovadas pelo Tribunal Constitucional e que fazem parte do quadro político", apontando que essa posição de traçar linhas vermelhas é uma "armadilha" montada pelo PS para "enganar os incautos".

No final da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, o líder do PSD-Madeira e presidente da mesa do congresso do PSD considerou que não serão precisos acordos com o Chega porque "[este] não tem peso" na região.

Questionado sobre se admite acordos de incidência parlamentar com o Chega e a IL, ou mesmo de Governo, no caso de a actual coligação perder a maioria absoluta, Miguel Albuquerque colocou esse cenário como distante. "É uma hipótese remota fazer acordos eleitorais com qualquer partido", afirmou, ao lado do secretário-geral do PSD, Hugo Soares.

No caso do CDS, o segundo partido da coligação que governa a região desde 2019, a delegação recebida por Marcelo Rebelo de Sousa contou com o líder nacional do partido. Nuno Melo aproveitou para fazer um apelo ao voto na coligação PSD-CDS ao lembrar que o seu partido "é factor de estabilidade" em contraste com "outros partidos que querem emergir", numa referência à actuação da IL nos Açores. "Na primeira oportunidade, deixou cair o Governo PSD-CDS para abrir as portas ao PS", disse Nuno Melo, lembrando que o actual líder da IL já assumiu discordar do acordo de incidência parlamentar nos Açores.

Questionado sobre se o seu partido exclui alianças com a IL ou o Chega para a formação de governo, em caso de perda de maioria absoluta da actual coligação, Nuno Melo respondeu: "O CDS não exclui coisa nenhuma." Sobre uma eventual coligação com o PSD nas europeias, o líder do CDS também não fecha totalmente a porta a esse cenário, embora reitere que o partido está preparado para ir a votos sozinho. "Insisto nisto: quero o CDS concentrado no que depende de nós", afirmou.

Pelo PS, o líder regional Sérgio Gonçalves disse não se opor à data de 24 de Setembro para as eleições. "Só o PS pode ser alternativa. A Madeira está cansada de um governo que tem praticamente 50 anos", afirmou.

"Não se espera alargamento de massa eleitoral à direita"

Ao início da tarde, Edgar Silva, coordenador regional do PCP, o primeiro representante partidário a ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, sustentou que as eleições devem realizar-se em Outubro, tal como sempre aconteceu, à excepção das duas que foram antecipadas.

O mês de Setembro é o de “regresso” de férias e torna-se “muito curto para o debate”, defendeu, acrescentando que também não permite em larga escala o voto antecipado dos estudantes que vivem fora da região.

Questionado sobre a perspectiva de uma eventual eleição de deputados do Chega e da IL na região autónoma, Edgar Silva referiu que “a direita tem na Madeira uma representação muito expressiva”. "Não é de esperar o alargamento de massa eleitoral à direita", disse, considerando que a questão está em saber “como é que se vai distribuir o voto”, já que “o CDS desapareceu e vai coligado com o PSD”.

“Não vai haver mais direitas, a questão é como é que vai ser a distribuição”, afirmou o dirigente do PCP, que tem um deputado eleito no parlamento regional. Sobre a possibilidade de o Chega vir a suportar um governo PSD-CDS, caso a coligação perca a maioria absoluta, Edgar Correia considerou que “a direita, para se segurar ao poder, se tem socorrido de todos os meios”.

Já a representante do JPP, Vanessa Carvalho, considerou ainda incerto qualquer cenário de estreia do Chega e da IL no parlamento regional. “Neste momento, ainda não têm expressão significativa”, disse a presidente do conselho de jurisdição do JPP, que tem três deputados regionais. Em relação a uma eventual disponibilidade do JPP para suportar um governo PSD-CDS, Vanessa Carvalho remeteu a decisão para a comissão política, mas assegurou que o partido “não fecha a porta ao diálogo”. Sobre a data das eleições, a dirigente do JPP apontou a preferência por 24 de Setembro por ser uma data que mantém “alguma distância do feriado de 5 de Outubro”.

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