Estudo revela que noivas vivem os preparativos do casamento entre a ansiedade e felicidade

Quase 30% das noivas admite gastar mais de 30 mil euros na festa. Os enlaces continuam a ser grandes e caros, de acordo com a investigação do Instituto Superior de Administração e Gestão.

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O estudo continua em aberto até ao final do Verão Unsplash/Nikki Gibson
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O casamento é um misto de emoções. Afinal é um dia único que muitos dizem ser o mais especial das suas vidas. Esta confusão de sentimentos, entre a ansiedade e a felicidade, é uma das conclusões do novo estudo O noivado: experiências e emoções, apresentado nesta terça-feira, 13 de Junho, na 4.ª edição da Porto Wedding Summit. E, ao contrário das tendências da pandemia, continuamos a gostar de casamentos grandes e tradicionais — à portuguesa.

As primeiras conclusões da investigação do Instituto Superior de Administração e Gestão (ISAG) são apresentadas no dia em que a Igreja Católica celebra Santo António, o casamenteiro. E, por falar em igreja, é lá que se vão casar 55,56% das noivas inquiridas. Ainda assim, tem-se verificado um decréscimo dessa opção, já que mais 80% das mulheres já casadas, também questionadas entre as 107 participantes, casaram-se numa cerimónia religiosa.

O casamento civil revela-se a opção de 44,44% das noivas e 40,74% faz a cerimónia numa quinta. Em Portugal, claro. Todas as inquiridas vão dar o nó por cá, contrariando uma das tendências da indústria — os destination weddings. “Muitos noivos optam por conjugar casamento e lua-de-mel num só destino. De acordo com a amostra, isso não se aplica às noivas portuguesas”, sublinha Marta Quintas, uma das responsáveis pela publicação do Centro de Investigação de Ciências Empresariais e de Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa.

Numa primeira fase do estudo, foram questionadas apenas mulheres, porque as investigadoras consideraram que são elas a “viver este processo de noivado de forma mais intensa”. Intensa de tal maneira que é um misto constante de ansiedade com felicidade. “Vemos que 93% das mulheres consideram estar felizes, muito felizes ou extremamente felizes”, aponta a professora do ISAG.

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Paul Garcia/Unsplash

Ao mesmo tempo que se mostram felizes com os preparativos do grande dia, esse planeamento deixa 40,74% das noivas frequentemente nervosas. Também 33,33% se diz “sempre preocupada” com o futuro. Marta Quinta tira conclusões e aponta esta como uma das maiores surpresas do estudo: “Quando estávamos a falar de ansiedade e felicidade, taxativamente andavam a par e passo. O facto de estarem ansiosas não diminui a felicidade.”

As conclusões não são ainda as definitivas porque o estudo continua em aberto até ao final deste Verão, quando termina a época alta dos enlaces em Portugal. Até agora, disseminaram o questionário através da Internet, em “grupos de noivas nas redes sociais”, com ex-alunas do instituto ou através de quintas de eventos. Em média, as mulheres que responderam às questões tinham mais de 30 anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em 2022, foram celebrados 36.946 casamentos, mais 7889 (+27,2%) do que em 2021. O valor supera o número de casamentos celebrados em 2019. No ano antes da pandemia da covid-19, casaram-se 33.272 casais em Portugal. Espera-se que, em 2023, o valor volte a ser superado, uma vez que, só nos primeiros três meses do ano, aconteceram 5196 casamentos, mais 960, do que no período homólogo de 2022.

Festas grandes e caras

A pandemia quase foi a morte do sector dos casamentos, mas no último ano os profissionais voltaram a acreditar no "felizes para sempre". A prova da recuperação do sector foi não só o aumento do número de casamentos, mas também a dimensão dos eventos que se verifica estar a aumentar. Mais de metade das noivas (51,85%) diz convidar entre 101 a 150 pessoas, quando no passado só 23,75% das mulheres teve este número de convidados. “Sonham com um casamento grande”, reconhece Marta Quintas.

Não só maiores, os casamentos estão também mais caros. “A maior parte das noivas vai gastar entre dez a 30 mil euros”, avança a investigadora. Além de 51,85% dos casais preverem este orçamento, há também uma fatia considerável (29,63%) a planear despender mais de 30 mil euros. “Tudo isto vem contrariar as previsões que se faziam na pandemia de cerimónias mais pequenas em todos os sentidos”, acrescenta.

É no catering que se gasta uma parte considerável do orçamento. São cerca de 6880 euros em média para alimentar os convidados, sendo que esse valor, frequentemente, já inclui o aluguer da quinta. Para o local da cerimónia, seja na igreja ou noutro local, são necessários 3209 euros, para cobrir não só o espaço, mas também o celebrante ou a música.

Para a animação da festa, entre bandas ao vivo e DJ, precisam-se em média 1418 euros. Já para a organização do casamento, uma tendência que tem crescido nos últimos anos com o serviço de wedding planner, reservam-se cerca de 1885 euros. Para flores e decoração, as noivas esperam gastar perto de 900 euros.

É um valor mais baixo do que o necessário para o vestido e os sapatos de noiva — 1865 euros. Por fim, ainda entre a lista dos gastos mais avultados, estão as alianças por 695 euros. “É um momento único e as pessoas estão dispostas a despender o montante que for necessário para viverem o sonho”, termina Marta Quintas.

A investigadora não põe de parte a possibilidade de, no futuro, repetirem o estudo, mas com foco nos noivos. O objectivo será compreender as diferenças na forma como homem e mulher vivem os preparativos do grande dia.

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