Escolas de Cascais vão ter “mentores” para apoiar professores e alunos

O investimento é de 3,7 milhões de euros, entra em vigor no ano lectivo de 2023/24 e prevê também aulas de computação.

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Alunos de Cascais vão ter um novo acompanhamento nas escolas Paulo Pimenta
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A Câmara Municipal de Cascais (CMC) vai criar no próximo ano lectivo (2023/24) a figura do “mentor” nas escolas públicas do concelho. São, segundo a autarquia, 30 “jovens licenciados com competências de comunicação, liderança e colaboração, motivados para gerar um impacto positivo” no apoio a alunos e professores. A câmara vai também proporcionar aulas de computação.

O programa Mentoria e Computação, que é apresentado aos professores do concelho nesta quarta-feira, tem um investimento de 3,7 milhões e visa “contribuir para o sucesso académico e o desenvolvimento de competências dos alunos”.

Os responsáveis da autarquia cascalense lembram, citando a OCDE, que “podem ser necessárias cinco gerações para que os descendentes de uma família de baixos rendimentos alcancem os rendimentos médios”. E que “é através da educação que este paradigma pode mudar”. Acrescentam ainda que os estabelecimentos públicos de ensino surgem sempre vários locais abaixo dos privados nos rankings das escolas.

“Em Cascais, acreditamos no potencial de todos, razão pela qual implementamos um conjunto de soluções que vão contribuir para mudar esta realidade. É aqui que surge o programa de Mentoria e Computação: alunos e professores do ensino secundário vão contar com o apoio de mentores em algumas disciplinas, enquanto os estudantes de 3.º ciclo iniciam a aprendizagem em computação. Este acompanhamento é alargado com a formação de professores em computação ou pedagogia e ensino partilhado”, dizem também os responsáveis pela autarquia.

Até ao fim do ano lectivo 2025/26, o programa vai abranger “mais de 14.500 alunos do ensino público do concelho, incluindo 3600 do ensino da computação”.

“A escola pública é fulcral para nós. Queremos que Cascais seja um concelho o mais coeso possível e a escola é a maior ferramenta para a mobilidade social que temos,” afirmou ao PÚBLICO Miguel Pinto Luz, vice-presidente da CMC (PSD).

“A generalidade dos alunos das escolas públicas de Cascais precisa de mais acompanhamento e ajuda. É o que pretendemos com este programa: acompanhar, incentivar e motivar os alunos,” acrescenta o autarca.

No que respeita à chamada “mentoria”, o projecto visa colocar os ditos mentores nas salas de aula “para colaborarem com os professores no acompanhamento das turmas”. Esta nova figura estará focada na disciplina de Português, leccionada a todos os alunos, “mas também poderá apoiar em outras disciplinas consoante a necessidade da escola”.

Pinto Luz diz que estes profissionais podem “aumentar a confiança, resiliência e motivação dos alunos no ensino, promovendo o desenvolvimento de competências e habilidades académicas que fomentem o sucesso escolar”.

“Podem ajudar em várias áreas, nomeadamente na metodologia de aprendizagem, na mobilidade social e podem ajudar os alunos a utilizar melhor o seu tempo”, salienta.

O autarca assegura que “em nenhuma ocasião” estes “mentores” possam substituir os professores. “Nunca. Os professores são insubstituíveis. Eles vão lá estar para apoiar os professores e os alunos”, garante.

Já no que respeita ao ensino de computação, o programa visa “incentivar a literacia computacional através de actividades práticas e dinâmicas, em que os alunos aprendem como funciona o computador e quais os processos por detrás do que vemos, seja como criar um QRcode ou desenvolver mensagens encriptadas, entre outros”.

O programa destina-se a todas as turmas de 3.º ciclo das escolas públicas de Cascais, mas os professores de 2.º, 3.º ciclos, e ensino secundário também vão poder frequentar formações em pedagogia e ensino partilhado ou em computação.

A autarquia garante ainda que “os professores serão abrangidos ao abrigo da estratégia local de habitação pública do concelho, estando já prevista a disponibilização de 50 fogos para estes profissionais”.

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