Portugal perdeu terreno nas exportações para os seus três principais mercados

Subida na venda de bens para Espanha, Alemanha e França em 2022 foi inferior à das compras efectuadas por estes países, que pesam 49% das exportações de Portugal. Importações também se ressentiram.

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Espanha é o maior parceiro comercial de Portugal Nelson Garrido
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As exportações portuguesas de bens para Espanha, Alemanha e França “apresentaram menor dinamismo” no ano passado, referiu esta sexta-feira o INE, “indiciando perdas de quota de mercado” para estes mercados, que são os três maiores clientes (juntos, pesam 49,3% do total).

No caso de Espanha, principal parceiro comercial de Portugal (pesa 26% nas exportações), o INE — que analisa o valor das vendas — dá conta de que “o crescimento das exportações nacionais foi menor do que o acréscimo das importações totais daquele país (+19,7% e +32%, respectivamente)”, tendo isso sido mais expressivo nos “veículos e outro material de transporte”, com uma variação de 3,2%.

Em relação a França e à Alemanha, o INE refere que as variações das exportações “também foram inferiores às variações das importações totais destes parceiros”. Olhando para França, as vendas de bens para este país subiram 16%, quando as compras francesas subiram 28,6%. Já no caso da Alemanha a diferença foi menor, com as vendas a crescerem 21,4% e as compras alemãs a subirem 24,2%.

Segundo o INE, este resultado “contrasta com 2019 [pré-pandemia], ano em que as exportações nacionais para estes três países registaram um dinamismo significativo, tendo crescido, em média, três vezes mais do que o total das importações destes parceiros”.

Estes três países representaram, por sua vez, 49,3% das compras de bens de Portugal em 2022, cabendo 32,1% a Espanha. Sobre este país, e olhando para a sua balança comercial global, o INE diz que “as importações provenientes de Espanha aumentaram 28,4%”, enquanto as exportações totais deste país cresceram 23,7%”, muito devido aos produtos agrícolas.

Sobre a Alemanha, as importações de bens deste país subiram 18%, acima dos 13,8% das exportações globais alemãs, e as compras de bens a França “aumentaram 19,4%, um acréscimo mais significativo que o verificado nas exportações totais daquele país (+18,6%), ao contrário do que se verificou nos dois anos anteriores”.

Mesmo assim, diz o INE, o maior excedente comercial manteve-se nas trocas com a França. Já o maior défice ocorreu com Espanha, ficando a Alemanha em terceiro lugar, depois da China (que subiu uma posição).

O ano de 2022 foi marcado por recordes, devido a factores como a alta de preços energéticos e alimentares. Tanto as exportações como as importações bateram máximos de 78.207 milhões de euros e de 109.243 milhões, respectivamente, tendo o défice subido 11.509 milhões e chegado aos 31.036 milhões.

De acordo com o INE, o valor do défice correspondeu a -13% do PIB em 2022, “a sexta proporção mais negativa” entre os países da UE. Malta teve a pior performance e a Alemanha o maior excedente.

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