Inteligência Artificial ameaça sobrevivência humana, avisam académicos e empresários do sector

Empresários e académicos partilham preocupações quanto à regulamentação da inteligência artificial e aos riscos que a tecnologia representa para a humanidade.

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Chefes executivos da OpenAI, criadora do ChatGPT, subscrevem carta de alerta para os riscos da inteligência artificial Reuters/DADO RUVIC
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  • Joanna Bryson: “Encontrámos uma forma de assustar as pessoas com a inteligência artificial”

Centenas de especialistas em tecnologia de várias partes do mundo deixaram um alerta para o facto de a tecnologia de inteligência artificial (que muitos estão, em simultâneo, a desenvolver) dever ser considerada um risco para a sociedade, comparável à ameaça que representa uma pandemia ou guerra nuclear.

O Center for AI Safety (CAIS) divulgou esta terça-feira um comunicado – resumido numa frase – assinado por empresários do sector tecnológico, investigadores e académicos, face à preocupação crescente e generalizada sobre a regulamentação e os possíveis riscos deste tipo de tecnologia para a humanidade.

"Mitigar o risco de extinção por causa da IA deve ser uma prioridade global, a par de outros riscos em grande escala, como uma pandemia ou uma guerra nuclear", lê-se no "sucinto comunicado", como descrito na página do CAIS.

Entre as entidades (representadas por mais de 350 empresários) que subscrevem este texto estão: a Google DeepMind; a OpenAI, criadora do ChatGPT; a Anthropic; a Microsoft; um dos fundadores do Skype; até a artista Grimes, que lançou recentemente o seu próprio software de inteligência artificial.

De acordo com o director executivo do CAIS, Dan Hendrycks, a carta aberta foi a oportunidade para alguns líderes da indústria expressarem receios que até agora só tinham admitido em privado.

"Há um equívoco muito comum, mesmo na comunidade de inteligência artificial, de que os pessimistas são apenas meia dúzia", afirmou Hendrycks, citado pelo New York Times. "Mas, na verdade, muitas pessoas expressam em privado as suas preocupações." Neste meio há também quem seja menos catastrofista, ou mais céptico, em relação ao poder da inteligência artificial.

É o caso da perita em IA e psicologia Joanna Bryson, que, recentemente, comentou este tema em entrevista ao PÚBLICO: "A minha maior preocupação é que encontrámos uma forma de assustar as pessoas com a inteligência artificial. Há sempre riscos e benefícios quando se fala em tecnologia, mas, como as pessoas podem ver nos novos produtos que estão a ser criados, surge mais confusão do que o normal."

Na Europa, Bruxelas espera que os membros da União Europeia cheguem a acordo ainda neste ano em relação à primeira lei sobre inteligência artificial, embora a Comissão Europeia admita que tais regras só entrem em vigor em 2025, avançando a um passo muito mais lento do que a tecnologia.

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