EN2 torna-se palco da luta dos professores de Norte a Sul do país

A caravana de professores, que durante sete dias vai percorrer a Estrada Nacional 2, antecede a greve e as manifestações marcadas para o dia 6 de Junho de 2023.

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A recuperação do tempo de serviço dos professores é a principal reivindicação Matilde Fieschi

A Estrada Nacional 2 (EN2) transforma-se a partir desta segunda-feira no palco da luta dos professores, que durante uma semana vão percorrer o país, entre Chaves e Faro, para reclamarem a recuperação do tempo de serviço.

Do quilómetro zero, na cidade de Chaves, Norte do distrito de Vila Real, saiu esta segunda-feira uma caravana de professores, maioritariamente delegados e dirigentes sindicais, em carros e motos, para viajarem pela estrada que une o país e se tornou numa atracção turística.

A recuperação do tempo de serviço dos professores – seis anos, seis meses e 23 dias – não é o único problema que afecta a classe docente, mas, segundo Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), “será um problema central nesta caravana”.

“Nós temos 738,5 quilómetros pela frente, vamos faze-lo em seis etapas e meia. O ministério tem seis anos, seis meses e 23 dias para recuperar aos professores, pode fazê-lo faseadamente”, salientou.

O objectivo da iniciativa é dizer ao Governo que, “quando a quilometragem é muito grande e é exigente, tal como o tempo de serviço que está por recuperar - 2393 dias - é sempre possível por etapas, faseadamente, conseguir dar resposta”.

“Só não há solução para este problema do tempo de serviço e da carreira se não houver vontade política e se não houver a consciência e a responsabilidade da parte do Governo em relação às escolas e em relação ao final do ano lectivo”, realçou Mário Nogueira.

Na sua opinião, o quilómetro zero tem também “algum simbolismo” relativamente ao “que tem sido a acção do Governo para a educação”.

“Zero em vontade política de responder aos problemas da educação e das escolas, zero em capacidade e vontade política de dar resposta àquelas que são as exigências dos professores”, salientou.

Diploma da carreira "cria novas assimetrias"

Mário Nogueira lembrou o diploma, aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros, que é, também, “zero na correcção de assimetrias, pelo contrário, cria novas assimetrias”.

Flávio Caçote veio de Albufeira para engrossar a "Caravana pela N2" dos professores. É dirigente do Sindicato dos Professores Licenciados por Institutos Politécnicos (SPLIU) e afirmou que a iniciativa é em “defesa da escola pública” e de “todos os professores”.

“A pensar no futuro dos nossos filhos e dos nossos alunos. Temos a escola pública em risco, aliás todo o país está em colapso, mas o ensino é o mais afectado porque se trata de uma profissão que é o alicerce de toda uma sociedade”, salientou, frisando que os docentes estão a “lutar por todos”.

Flávio Caçote disse ter “30 anos de serviço” e que está no quarto escalão. “É de uma injustiça que efectivamente se trata, estamos a ser injustiçados”, salientou, lembrando que a “EN2 está na moda”.

José Lopes, dirigente sindical em Chaves, frisou que é necessário “manter a luta viva” e “conseguir os objectivos a curto prazo” e garantiu que os professores “não vão desistir”.

Este dirigente vai apenas acompanhar a caravana na zona Norte acreditando que, depois, outros tomarão o seu lugar. “Temos que dar o lugar a outros”, frisou.

Júlia Azevedo, dirigente do Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), traz um crachá ao peito com a mensagem “N2 a estrada que nos une”.

“A estrada que nos une pela defesa da nossa profissão e pela escola pública, porque sob o lema ‘manter quem está e atrair quem vem’, nós temos que lutar, todos nós, por uma escola pública de qualidade e, neste momento, estamos a assistir a muitos professores a abandonarem a profissão”, frisou.

A iniciativa pela N2 é, acrescentou, “simbólica”. Ao longo do trajecto a caravana passará junto à porta de escolas, haverá encontros com professores das regiões e serão distribuídos panfletos para agradecer a solidariedade dos pais e encarregados de educação.

A iniciativa tem chegada prevista a Faro a 30 de Maio e é promovida pela plataforma que junta nove organizações sindicais do sector da Educação, e da qual a Fenprof faz parte.

A “caravana pela EN2” antecede a greve e as manifestações marcadas para o dia 6 de Junho de 2023.

Além da Fenprof, fazem parte da plataforma Federação Nacional da Educação, a Associação Sindical de Professores Licenciados, a Pró-Ordem dos Professores, Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados, Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação, Sindicato Nacional e Democrático dos Professores, Sindicato Independente dos Professores e Educadores e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades.

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