Jornalista bielorrusso detido há dois anos foi amnistiado

O blogger e activista Roman Protasevich foi preso a bordo de um avião comercial em Maio de 2021.

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Protasevich foi um dos fundadores do Nexta, um site de informação ligado à oposição bielorrussa Reuters/STRINGER
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Roman Protasevich, o blogger e jornalista alinhado com a oposição bielorrussa detido desde 2021, foi amnistiado esta segunda-feira, de acordo com a agência estatal BelTA.

O homem de 28 anos cumpria uma pena de oito anos de prisão por incitamento ao terrorismo, organização de protestos ilegais e injúrias à honra do Presidente Alexander Lukashenko. Protasevich foi um dos fundadores do site Nexta, que ganhou notoriedade com a transmissão ao vivo de muitos dos grandes protestos anti-regime em 2020, motivados pelas denúncias de fraude eleitoral.

Para além das transmissões, o site apoiava os participantes dos protestos, fornecendo informações úteis sobre a organização das marchas que representaram o desafio mais sério à governação de Lukashenko, no poder há quase 30 anos.

“Acabei literalmente de assinar todos os documentos relevantes que dizem que fui perdoado”, disse Protasevich, citado pela agência BelTA. “Estou extremamente grato ao país e, é claro, ao Presidente pessoalmente por ter tomado esta decisão”, acrescentou o activista político.

Para além do jornalista, um outro co-fundador do Nexta, Stsiapan Putsila, e um ex-editor, Ian Rudik, foram julgados à distância pelos mesmos crimes e foram condenados a penas de 20 e 19 anos de prisão, respectivamente.

Protasevich foi detido há precisamente dois anos, quando o avião comercial em que viajava entre Atenas e Vilnius foi forçado a aterrar pelas autoridades bielorrussas enquanto sobrevoava o espaço aéreo do país, que alertaram para a possibilidade de haver algum aparelho explosivo.

A presença de explosivos não se confirmou, mas a polícia bielorrussa entrou a bordo do avião e deteve Protasevich e a namorada, uma cidadã russa.

As circunstâncias da detenção geraram uma onda de indignação por parte da União Europeia, que reforçou as sanções económicas contra o regime de Minsk e tem exigido a libertação do jornalista.

A ex-candidata presidencial, Svetlana Tsikhanouskaia, disse que a amnistia concedida a Protasevich “é uma tentativa previsível para desviar as atenções de Eduard Babarika e dos presos políticos desaparecidos”. A líder da oposição referia-se ao início do julgamento de Eduard Babarika, esta segunda-feira, e ao desaparecimento do seu pai, o ex-candidato presidencial Viktar Babarika, que está desaparecido depois de ter sido condenado a uma pena de 14 anos de prisão.

“Todos devem ser libertados para que possam viver livremente sem coerção ou ameaças”, afirmou Tsikhanouskaia.

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