A história do gato que desperdiçou as sete vidas
Um gato atrevido fazia desaparecer tudo à sua passagem. Até que também ele desapareceu.
Das sete cores do arco-íris aos sete anões da Branca de Neve, um gato estouvado coleccionava tudo o que encontrava que tivesse este número. “No sétimo dia da semana, entre chuviscos, o gato avistou o arco-íris e roubou-lhe as sete cores! O mundo ficou descorado. Depois, entrou na igreja e levou consigo os sete sacramentos. Os noivos desesperaram, porque queriam casar e não conseguiam! E quando o padre o escorraçou, já este se tinha apoderado das sete virtudes e dos sete pecados também.” Vivia no sétimo reino das Sete Fontes.
O autor, Pedro Seromenho, descreve assim ao PÚBLICO o livro: “É uma alegre brincadeira com os números. Começa com o algarismo sete e decresce rapidamente num registo de trágico-comédia com um gato muito malandro que passa a vida a meter-se em apuros.”
Sobre o protagonista informa: “Este gato tem uma personalidade firme e alguma teimosia. Ainda tenta resolver as coisas aprendendo a ler e a escrever, mas depressa volta a cair na tentação. O tempo é um elemento que salta, aparece e some.”
O livro pode proporcionar momentos lúdicos aos miúdos, com ou sem a mediação de um adulto. “Seja nas palavras, com provérbios ou metáforas, ou na narrativa visual do Carlo Giovani, tudo parece chamar a atenção da criança para que esta possa brincar com a história. É como um jogo das sete diferenças!”
Um texto muito visual
O ilustrador, Carlo Giovani, disse ao PÚBLICO, via email: “Desde o início eu gostei muito do texto e acho que as ilustrações, personagem, cenários e brincadeiras escondidas, da forma como foram concebidas, dialogam muito bem com ele, o que torna a história rica e com descobertas a serem feitas ao longo da leitura. Isso deixa-me muito satisfeito.”
No entanto, diz que “nunca é fácil ilustrar um livro”, mas “foi um processo natural e constante, as coisas foram acontecendo sem interrupções ao longo do trabalho. O texto é muito visual, há muito o que descobrir nas entrelinhas e gosto de textos assim”.
Conta ainda que foi discutindo o seu trabalho com o autor do texto, apresentando-lhe “ideias e soluções pensadas para o livro, enquanto fazia os esboços e ilustrações finais”. Sobre a técnica usada, esclarece-nos: “As ilustrações são todas digitais, criadas em camadas de texturas, pinturas e desenhos.”
Pedro Seromenho desvenda um pouco do conteúdo do livro: “Este animal adora brincar com os números. Rouba as sete cores do arco-íris, leva seis meses a reaparecer e, quando usa os seus cinco sentidos para apanhar fanecas, faz desaparecer as quatro estações do ano.”
Com tanta malandrice, o gato acabou por desperdiçar as múltiplas vidas que se acredita os bichanos terem. E, no final, até se sentiu um pouco sozinho.
Sete Vidas será apresentado no dia 28 de Maio, na Biblioteca Municipal de Manteigas, com leitura encenada e ilustração ao vivo de Pedro Seromenho.
Uma sessão integrada no festival Manta, que decorre de 27 de Maio a 1 de Junho, e é organizado pela Câmara Municipal de Manteigas e pela editora Paleta de Letras, que informa na sua divulgação: “Nesta 2.ª edição do Manta — Semana Cultural de Manteigas, serão inúmeros os escritores, contadores, ilustradores, colectivos e grupos culturais a visitarem a vila beirã. António Mota, Pedro Seromenho, Historioscópio, Bárbara R., Rabiscodelia, Companhia de Marionetas Mandrágora, Tubabá, Rui Ramos, Inácia Cruz e Asta — Teatro e outras Artes são alguns dos nomes que irão aconchegar os visitantes com a pintura de um mural, oficinas de ilustração, peças de teatro, momentos musicais, apresentações de livro, horas do conto e exposições.”
Também contará com a Feira do Livro de Manteigas, com uma programação especial para 1 de Junho, Dia da Criança.
Não sendo certo que o gato tenha mesmo perdido a sua última vida (a sétima), há que estar atento. Não vá ele aparecer de novo por aí.