Montenegro ligou a Costa a pedir demissão da chefe das secretas

O líder social-democrata revelou ter pedido ao primeiro-ministro o afastamento da secretária-geral do SIRP, insistiu no pedido de demissão de Galamba e voltou a afastar eleições antecipadas.

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Luís Montenegro, líder do PSD António Cotrim/Lusa
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Luís Montenegro defende que a secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Graça Mira Gomes, deve ser demitida e revelou ter comunicado isso mesmo ao primeiro-ministro na manhã desta quinta-feira. O presidente social-democrata afirmou esta sexta-feira que a "responsável máxima" das secretas "deve assumir as suas responsabilidades e ser substituída”, reiterando que João Galamba não tem condições para continuar como ministro das Infra-Estruturas.

"Tomei a iniciativa de transmitir ontem [quinta-feira] da parte da manhã ao senhor primeiro-ministro que considero que a senhora secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa deve ser substituída", disse Montenegro, acrescentando que "ao primeiro-ministro, que soube das diligências do SIS [Serviço de Informações de Segurança], que aliás foram sugeridas pelo seu próprio gabinete, cabe igualmente assumir as responsabilidades".

A consideração de Luís Montenegro assume particular relevância, uma vez que o processo de nomeação dos líderes das secretas prevê, informalmente, "a auscultação do principal partido da oposição". No entanto, o primeiro-ministro escolheu não ir ao encontro da sugestão do líder do PSD. “Não acedendo, como não acedeu, à sugestão que lhe dirigi”, António Costa “fica isolado e é o único e exclusivo responsável pelas distorções legais e reputacionais dos serviços de informações”, afirmou. E continuou, acusando Costa de estar "a assobiar para o ar".

Face aos pedidos de audição de António Costa na comissão de inquérito parlamentar (CPI) à gestão da TAP, apresentados na manhã desta sexta-feira pela Iniciativa Liberal e pelo Chega, o líder do PSD considera "legítimo que a CPI possa querer esclarecimentos", acrescentando que, " naturalmente, o PSD não se vai opor".

Numa conferência de imprensa realizada a partir da sede distrital do PSD no Porto, no dia seguinte à audição do ministro João Galamba, na passada quinta-feira, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP, o líder dos sociais-democratas mostrou ainda abertura para cooperar com o Governo na redefinição do modo de actuação do conselho fiscalizador das secretas: “Na mesma ocasião [quinta-feira] transmiti ao primeiro-ministro a minha disponibilidade para reequacionar a forma como o conselho de fiscalização dos serviços de informações deve actuar.”

Montenegro reiterou também a ideia de que João Galamba deve ser afastado do Governo. O país tem assistido "à mais desprestigiante e deprimente degradação institucional de que há memória em Portugal. Os episódios de desrespeito por regras básicas de comportamento político e institucional são abundantes (...). A bem da dignidade e da moralidade na política, o ministro João Galamba deve mesmo ser demitido."

Eleições antecipadas? Avaliação cabe a Marcelo

Novamente questionado pelos jornalistas sobre se é chegado o momento de o PSD pedir eleições antecipadas, Luís Montenegro defendeu que essa é uma decisão que não lhe cabe a si tomar, porém voltou a assegurar que o partido está pronto para ir a votos.

"Essa avaliação cabe ao senhor Presidente da República. Considero que, por princípio, os mandatos devem ser cumpridos", mas "o PSD está pronto para assumir as suas responsabilidades, para apresentar aos portugueses uma alternativa política (...). Não tenho votos suficientes para poder demitir o Governo e criar um momento eleitoral por minha iniciativa. Mas, com o actual panorama, ou o Governo se demite ou o Governo é demitido", concluiu.

O ministro das Infra-Estruturas revelou esta quinta-feira que informou o primeiro-ministro, António Costa, na madrugada de 26 de Abril, sobre o pedido de intervenção dos SIS para recuperar o computador do ex-adjunto Frederico Pinheiro.

Notícia actualizada às 13h04

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