Zelensky na abertura da cimeira do Conselho da Europa: “Precisamos de mais mísseis”

Na cimeira que junta, pela primeira vez em 18 anos, os chefes de Estado e de governo do Conselho da Europa, a prioridade deverá ser a discussão sobre o apoio europeu à Ucrânia.

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Cimeira do Conselho da Europa decorre em Reiquiavique, nos dias 16 e 17 de Maio EPA/ANTON BRINK HANSEN
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Arrancou esta terça-feira a 4.ª Cimeira do Conselho da Europa, em Reiquiavique, capital da Islândia, onde as atenções estarão viradas para Kiev e para a responsabilização de Moscovo pelos danos da guerra.

Um dos principais resultados desta cimeira que junta, pela primeira vez desde 2005, chefes de Estado e de governo do Conselho da Europa, deverá ser o acordo para a criação de um registo dos danos causados pela invasão russa da Ucrânia — o “primeiro passo para a posterior criação de um mecanismo de compensação”, como explicou uma fonte diplomática nacional à Lusa.

A primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdottir, inaugurou a sessão apontando a “maior ameaça à paz e segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, e exigindo uma “paz justa”, que responsabilize os que desencadearam a guerra no Leste europeu.

“A cimeira de Reiquiavique tem três grandes objectivos. O primeiro é reafirmar o nosso apoio à Ucrânia e à adopção de medidas concretas para atribuir responsabilidades por crimes de guerra, e fortalecer o papel do Conselho da Europa em matéria de direitos humanos”, começou por indicar a chefe de Governo, que esteve esta terça-feira reunida com o homólogo ucraniano, Denys Shmyhal, em Reiquiavique.

O segundo será a renovação do compromisso das várias nações com os valores democráticos europeus, e a terceira meta é a resposta a “desafios globais” que exigem soluções urgentes, como a crise climática.

Independente da União Europeia (UE), o Conselho da Europa é a principal organização de defesa dos direitos humanos no continente, criada no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, em 1949. Dela fazem parte 46 Estados-membros, incluindo os 27 países que formam a UE.

De seguida tomou a palavra o Presidente da Ucrânia, Estado que se juntou ao Conselho em 1995, quatro anos depois de declarar independência face a Moscovo.

Volodymyr Zelensky, que participou na sessão por videochamada, aproveitou para garantir que todos os presentes tinham conhecimento dos ataques lançados pelas tropas russas na madrugada desta terça-feira.

“A Rússia usou mísseis balísticos, de cruzeiro e drones, tudo ao mesmo tempo, para que fosse especialmente difícil para nós salvar vidas, mas todas as vidas foram protegidas. Todos os mísseis foram interceptados, incluindo mísseis balísticos: 100%, um resultado histórico”, afirmou o líder ucraniano.

Como previsto, e renovando o apelo que tem dirigido aos seus aliados, Zelensky pediu armas, armas e armas. “Para tornar resultados como os da última noite em regra, precisamos de mais sistemas de defesa antiaérea e de mais mísseis. Também precisamos de mais caças, sem os quais nenhum sistema de defesa aéreo será perfeito”, justificou. “Só assim atingiremos 100% de sucesso.”

Volodymyr Zelensky não referiu em específico a criação de um registo de danos dos ataques à Ucrânia, mas sublinhou que é essencial um tribunal especial para julgar os crimes de guerra cometidos e a agressão ao seu país.

O primeiro-ministro português, António Costa, que está em Reiquiavique desde segunda-feira e já reuniu com a homóloga islandesa, também já tinha anunciado o apoio português à criação deste registo.

A intenção de reforçar o apoio a Kiev, também através da responsabilização de Moscovo, já tinha sido anunciada por chefes de Estado e de governo do Reino Unido, de França, Alemanha ou Estados Unidos.

“Como afirmou o Presidente Joe Biden, os Estados Unidos comprometeram-se a responsabilizar a Rússia pela sua guerra de agressão contra a Ucrânia”, disse a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield. “Um registo para documentar reivindicações de danos da guerra brutal da Rússia é um passo crítico neste esforço. Apoiamos a Ucrânia, juntamente com o Conselho da Europa", organização de que a Federação Russa foi expulsa a 16 de Março do ano passado.

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