Relatório aponta falhas ao FBI em investigação a Trump

Apesar de ter havido erros, não houve um complot político como sugeriram o ex-Presidente e os seus aliados republicanos.

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O relatório Durham "é em parte, uma defesa e justificação de uma investigação demorada" a acusações de aliados de Trump Julia Nikhinson/Reuters
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O relatório final do procurador especial John Durham sobre a investigação do FBI a Donald Trump acusa a agência de falhas graves, mas não de motivação política para um complot para acusar Trump – havia motivos para investigar as ligações de Donald Trump à Rússia, concluiu o procurador.

Mas Durham faz também uma crítica dura ao modo como decorreu a investigação, dizendo que altos responsáveis se basearam em informação não confirmada para continuar a investigação.

Muitas das críticas já eram conhecidas quando o inspector-geral do Departamento de Justiça publicou as suas próprias conclusões e levantou preocupações semelhantes, diz o New York Times. Mas acabou também por concluir que a investigação foi justificada.

O relatório agora apresentado é mais contundente nas críticas, dizendo que a investigação a Trump foi iniciado com base apenas numa informação vaga de um colaborador da campanha de Trump e responsáveis russos, “provas em bruto, não analisadas e não corroboradas”, num “contraste com a abordagem” feita à campanha de Clinton, cita o diário britânico The Guardian.

A investigação deu demasiado peso a pistas dadas por opositores de Trump e não analisou com rigor a informação que recebeu, o que fez com que se prolongasse e levou à nomeação do procurador especial Robert Mueller para investigar Trump. A nomeação de Durham para procurador especial foi “pouco habitual”, lembra o diário The Washington Post, já que a sua missão foi investigar o trabalho já feito por um antigo procurador especial, Robert Muller.

Para Durham, o FBI sofreu de “viés de confirmação” e de uma “falta de rigor analítico” na investigação, cita o New York Times. “Uma avaliação objectiva e honesta” da informação “deveria ter levado o FBI não só a questionar” a continuação do caso, “mas também reflectir sobre se estava a ser manipulado para objectivos políticos ou outros”, o que “infelizmente, não fez”.

Como exemplos do viés de confirmação do FBI, Durham aponta a decisão de começar a investigar apesar de não haver qualquer informação “da parte dos serviços secretos que corroborasse a hipótese que levou à investigação, agentes que ignoraram informação que exonerava suspeitos chave do caso e ainda que o FBI fosse incapaz de corroborar “uma única alegação” no dossier do antigo espião britânico Christopher Steele, resume o Washington Post.

O diário comenta ainda que o relatório, publicado quase quatro anos depois do início da investigação de Durham, será “provavelmente ridicularizado pelos democratas” como o ponto final num espectáculo de partidarização, enquanto os republicanos “terão de se debater” com o facto de uma investigação “muito apregoada” – Trump chegou a dizer que iria descobrir o “crime do século” – não ter feito descobertas significativas nem levado a uma só condenação.

Para o New York Times, o relatório é, “em parte, uma defesa e justificação de uma investigação demorada que levou a apenas dois processos que acabaram ambos em absolvição”.

O relatório não recomenda mudanças substanciais nas regras do FBI para investigações politicamente sensíveis e para escutas que tenham a ver com segurança nacional, que já têm vindo a ser reforçadas nos anos mais recentes, embora tenha recomendado que seja considerada a nomeação de uma pessoa que seja responsável por desafiar internamente cada passo levado a cabo em investigações deste género.

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