Tribunal paquistanês ordena libertação sob fiança de Imran Khan

Ex-primeiro-ministro paquistanês ficará em liberdade condicional durante duas semanas, período durante o qual não poderá ser detido.

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Foram tomadas fortes medidas de segurança em Islamabad para tentar evitar novos confrontos AKHTAR SOOMRO/Reuters
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O Tribunal Superior de Islamabad ordenou nesta sexta-feira a libertação sob fiança, por duas semanas, do ex-primeiro-ministro paquistanês Imran Khan, um dia depois de o Supremo Tribunal ter declarado ilegal a sua detenção, na terça-feira, pela agência anticorrupção, que lhe imputa mais de cem crimes.

“Eles não tinham qualquer justificação para me prender. Fui sequestrado. Parece que existe uma lei da selva”, disse Khan, no tribunal, ao jornal britânico The Independent. O advogado do antigo governante, Faisal Chaudhry, afirmou que o tribunal ordenou também que, durante o período de liberdade provisória, Imran Khan não poderá ser detido.

Imran Khan chegara ao Tribunal Superior de Islamabad rodeado por um forte dispositivo de segurança. A polícia proibiu os ajuntamentos de mais de quatro pessoas nas ruas da capital e o Exército foi mobilizado, mas houve confrontos entre os apoiantes de Khan e as autoridades.

Os dirigentes do seu partido, o Movimento pela Justiça do Paquistão (PTI, na sigla original), apelaram aos apoiantes de Khan que se manifestassem em Islamabad. Junto ao tribunal estavam cercas de arame farpado e dezenas de agentes da polícia e militares. Khan chegou ao edifício numa caravana com quase uma dúzia de veículos, relata a Reuters.

O ministro do Interior garantiu a uma estação de televisão, diz a Al-Jazeera, que, se o tribunal decidisse deixar o ex-primeiro-ministro em liberdade, o Governo “voltará a detê-lo”.

Entretanto continuam as detenções de antigos governantes e responsáveis do PTI. O ex-ministro dos Direitos Humanos e aliado próximo de Khan, Shireen Mazari, foi “raptado ilegalmente”, escreveu o partido no Twitter. Pelo menos outros sete dirigentes partidários tinham já sido detidos nos últimos dias.

Pelo menos 11 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em resultado de violentos confrontos entre os apoiantes do ex-primeiro-ministro e as forças de segurança. Quase 2000 pessoas foram detidas. Os manifestantes pegaram fogo a veículos, bloquearam estradas e atacaram edifícios governamentais e do Exército. Muito comércio está fechado e milhares de estudantes não têm aulas porque não conseguem chegar à escola.

A ira dos apoiantes de Khan é particularmente dirigida ao Exército, que o ex-primeiro-ministro acusa de estar por trás de uma alegada tentativa de homicídio no ano passado. Khan estava a participar numa marcha para exigir eleições antecipadas, em Novembro, quando foi baleado num pé.

“Eles pisaram uma linha vermelha, não podiam estar à espera de que nos mantivéssemos calados depois disto. Vamos ensinar-lhes uma lição que não vão esquecer para o resto das suas vidas”, disse um dos manifestantes, Ghulam Farooq, à Al-Jazeera. Já o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, avisou “os terroristas e os inimigos do país de que têm de parar imediatamente com este motim contra o país”. Caso contrário, acrescentou, “as pessoas malvadas que desrespeitam a lei serão levadas perante a justiça e punidas pela lei”.

Actualizado às 12h20 com a libertação sob fiança de Imran Khan.

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