Primeira vacina contra vírus sincicial aprovada na Europa e nos Estados Unidos

Vacina é aprovada quase 60 anos depois das primeiras tentativas de criar uma vacina contra este vírus – que também tem criado pressão nas urgências portuguesas.

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A vacina contra o vírus sincicial respiratório estará disponível nos Estados Unidos já este Outono ATHIT PERAWONGMETHA/Reuters
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Pela primeira vez, há uma vacina aprovada contra o vírus sincicial respiratório (VSR). As decisões da Food and Drug Administration, o regulador farmacêutico nos Estados Unidos, e da Agência Europeia do Medicamento marcam o fim de uma longa odisseia desde as primeiras experiências contra este vírus – há quase 60 anos. A vacina, desenvolvida pela farmacêutica GSK, poderá estar disponível já a partir deste Outono para os norte-americanos.

A vacina será vendida com o nome de Arexvy e é a primeira a ser recomendada para a protecção da população com mais de 60 anos. Esta vacina de dose única mostrou cerca de 83% de eficácia na prevenção desta doença respiratória, num estudo com mais de 25 mil adultos com pelo menos 60 anos.

No caso europeu, a vacina foi recomendada para aprovação pelo comité científico do regulador farmacêutico, estando em falta apenas uma autorização da Comissão Europeia para colocar este produto no mercado – algo que ainda poderá acontecer este ano. Na Europa, o VSR provoca todos os anos cerca de 250 mil hospitalizações e 17 mil mortes em pessoas com mais de 65 anos.

O VSR é uma doença respiratória sazonal, com maior prevalência no Inverno, e que afecta sobretudo crianças com menos de dois anos e idosos. Esta infecção pode originar uma pneumonia viral ou bronquiolite, por exemplo. Ainda no final de Março, um grupo de especialistas médicos alertou para a elevada carga do VSR em Portugal, especialmente em crianças, e o seu impacto no número de hospitalizações.

Os resultados obtidos pela GSK não são isolados. Na verdade, esta era uma corrida para perceber quem chegaria primeiro ao mercado, já que também as empresas farmacêuticas Moderna e Pfizer estão em fase avançada do desenvolvimento de vacinas do vírus sincicial respiratório para adultos acima dos 60 anos de idade – ambas esperam receber autorizações do regulador norte-americano ainda no primeiro semestre de 2023. Além destas, ainda a AstraZeneca e a Sanofi estão a trabalhar para criar mais concorrência com as suas vacinas para o vírus sincicial respiratório.

Apesar do sucesso actual, a investigação vai continuar para perceber se a vacina é segura em populações com imunidade comprometida, como pacientes em quimioterapia, por exemplo. “É o fim de muito trabalho. Mas é também o início de ainda mais trabalho”, afirma Edward Walsh, cientista responsável pela vacina da concorrente Pfizer, em declarações ao jornal The Washington Post.

Os primeiros testes de vacinas experimentais surgiram ainda em 1966 em bebés. No entanto, essas doses acabaram por ter o efeito contrário ao desejado e acelerar o impacto do vírus – originando mais hospitalizações e duas mortes. Quase 60 anos depois, um dos maiores alvos dos cientistas tem um contraponto.

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