Condutores terão de pagar 50 euros para estacionar em algumas ruas de Haia, Países Baixos

A medida pretende incentivar as pessoas a deixarem os carros em casa e a utilizarem meios de transporte mais sustentáveis. Mas os comerciantes temem prejuízos para os seus negócios.

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Várias cidades dos Países Baixos adoptam medidas anti-carro e pró-bicicleta: em algumas ruas de Amesterdão, não há circulação de automóveis Anna Costa
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E se a sua cidade cobrasse uma taxa fixa de 50 euros por cada vez que estacionasse o seu carro em determinadas ruas? Esta medida está a ser implementada em Haia, nos Países Baixos, sobretudo em vias que permitem o acesso ao centro histórico e à praia de Scheveningen, uma estância balnear muito conhecida no país.

A partir de agora, quem estacionar o carro nas áreas abrangidas por esta norma, seja por cinco minutos ou oito horas, pagará sempre 50 euros, uma taxa fixa. O objectivo é incentivar as pessoas, nomeadamente os turistas, a utilizarem meios de transporte mais sustentáveis para se deslocarem no centro da cidade e nas zonas junto à costa holandesa.

O porta-voz do conselho municipal, Jurriaan Esser, diz que este projecto-piloto, que deverá durar cerca de um ano, não se aplica a todas as ruas da cidade, porque é necessário avaliar os seus efeitos. "Queremos que o principal meio de transporte sejam as pernas, depois a bicicleta, os transportes públicos e, por fim, os carros", referiu.

No entanto, diz que esta regra não pretende acabar com a circulação de carros. "Se a distância a percorrer for curta, o principal meio de transporte deve ser as pernas. Beneficia não só o meio ambiente, mas também os tempos de viagem", defende.

Como refere o jornal britânico The Guardian, ainda não se sabe se a cidade poderá beneficiar economicamente desta norma. De momento, quem não pagar a taxa fixa poderá ver o seu carro ser rebocado. Os residentes, que reclamam há vários anos da inexistência de estacionamento, e as empresas que tenham uma licença de estacionamento terão prioridade para estacionar.

A medida não parece estar a ganhar adeptos junto dos comerciantes. A proprietária da destilaria Van Kleef, Fleur Kruyt, disse à emissora Omroep West que esta alteração não vai "facilitar os negócios", uma vez que ir às compras de carro significa gastar, no mínimo, 50 euros da taxa fixa.

Já o "presidente da câmara dos ciclistas" de Haia, Remcon de Rijk, um representante de quem opta pelas duas rodas no dia-a-dia, declara-se céptico em relação aos efeitos da medida, porque entende que esta não visa "desencorajar o uso de carros", como aconteceu em Amesterdão, onde algumas ruas foram simplesmente fechadas ao trânsito.

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