Lucros do BPI sobem 75% no primeiro trimestre

Entre Janeiro e Março, a margem financeira, a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos, subiu 82%. Foram renegociados 1900 contratos de crédito à habitação.

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João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O BPI teve lucros consolidados de 85 milhões de euros no primeiro trimestre, mais 75% do que nos primeiros três meses do ano passado, divulgou hoje o banco em comunicado. Na operação em Portugal, os lucros do banco mais do que duplicaram, para 73 milhões de euros.

A margem financeira (diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) subiu 82% para 203 milhões de euros no período em análise, face a igual trimestre de 2022.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, em Lisboa, o presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, disse esta sexta-feira que o trimestre “confirma que o BPI está forte” e que o banco “está preparado para os desafios”.

Até agora, o BPI renegociou 1900 contratos de crédito à habitação, disse ainda o presidente executivo do banco, referindo que, apesar das taxas de juro, a maior parte dos clientes tem conseguido continuar a pagar os empréstimos.

Na conferência de imprensa, João Pedro Oliveira e Costa disse que o número de pedidos de reestruturação de créditos tem vindo a descer. Nas primeiras quatro semanas após a publicação do decreto-lei do Governo (que força os bancos a reestruturarem créditos), o banco recebia por semana mais de 1000 pedidos e nas últimas semanas tem estado abaixo dos 100 pedidos semanais, disse.

Quanto ao número total de 1900 contratos renegociados, inclui os que estão cobertos pelo decreto-lei mas também outros, referindo o BPI que dá resposta a todos os pedidos de reestruturação que lhe chegam.

O administrador Francisco Matos afirmou que a grande maioria das reestruturações passa por durante um ano haver carência de capital, pagando os clientes apenas os juros, considerando que isso dá tempo para que os clientes adaptem aos seus gastos ao rápido aumento das prestações do crédito.

Segundo Oliveira e Costa, para já, a parte significativa dos clientes tem conseguido "adaptar os seus gastos para acomodar os aumentos das prestações" das casas, referindo que os níveis de incumprimentos continuam baixos e estáveis e também os níveis de poupança dos clientes no banco se mantêm, vincando que pelo menos ao BPI os clientes não estão a ir buscar poupanças para pagar créditos.

Ainda assim, disse que provavelmente há famílias que poderão vir a ter mais dificuldades em pagar os créditos, pois prevê-se que o Banco Central Europeu (BCE) continue a subir as taxas de juro directoras.

Contributo de 72 milhões para lucros do CaixaBank

O BPI contribuiu com 72 milhões de euros para os resultados do primeiro trimestre do grupo espanhol CaixaBank (a que o banco português pertence), que obteve lucros de 855 milhões de euros entre Janeiro e Março, revelou também esta sexta-feira a entidade financeira. São mais 21,1% do que no mesmo período do ano passado, segundo dados anunciados ao mercado.

Estes lucros teriam sido 30% superiores sem o impacto do imposto extraordinário e temporário sobre a banca em Espanha, em vigor desde Janeiro, e que, no caso do Caixabank, se traduziu num pagamento de 373 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, disse o banco, num comunicado.

Sobre a actividade do BPI, o presidente executivo (CEO) do grupo Caixabank, Gonzalo Gortázar, disse numa conferência hoje, em Valência, cidade espanhola onde o banco tem sede, que continua a ter uma evolução "muito positiva".

Gonzalo Gortázar destacou o crescimento, no primeiro trimestre deste ano, da área da concessão de crédito do BPI, em especial, empréstimos para compra de casa, "que continua a crescer desde há vários anos".

Em paralelo, a morosidade (atrasos ou incumprimentos nos pagamentos das prestações dos empréstimos) é "muito baixa" no BPI e foi 1,9% no primeiro trimestre do ano, realçou Gonzalo Gortázar.

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