O mundo continua a precisar da América

O mundo está a atravessar um “túnel de vento” violento e perigoso que exige dos Estados Unidos uma nova estratégia nacional cujos contornos ainda não estão claramente definidos

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1. Podemos dizer com rigor que a América já não é o país que determina “a chuva e o bom tempo” no mundo. Já usufruiu de uma hegemonia sem rival, que se afirmou nos anos que se seguiram ao fim da Guerra Fria, quando a China ainda estava na fase de “ascensão pacífica”, a Rússia tinha mergulhado numa luta interna sobre o seu futuro, a ambição dos BRIC começava apenas a despontar. Hoje, a América continua a ser a maior e mais poderosa potência do mundo, mas o seu poder é mais relativo. A China, com o seu desenvolvimento económico alucinante, tem como objectivo declarado desafiar a hegemonia americana em todos os domínios. Depois do desenvolvimento económico, a aposta de Xi Jinping passou a ser o reforço constante do seu poderio militar. A Rússia, que continua a ser uma “gigantesca estação de combustível” e cujo poder militar convencional nem sequer conseguiu vergar a Ucrânia, ainda dispõe de um arsenal nuclear equivalente ao dos Estados Unidos. Os outros BRIC – a Índia e o Brasil – querem ver o seu poder de influência mundial devidamente reconhecido. Tentam, ainda que por caminhos diferentes, distanciar-se dos EUA e/ou da China para ganhar margem de manobra. Tivemos disso um exemplo recente no périplo internacional do Presidente Lula, de Pequim até Lisboa e Madrid, com uma breve passagem por Washington. A invasão da Ucrânia pela Rússia veio acelerar estas grandes tendências, com os países “não-alinhados” a quererem fazer dela uma questão meramente ocidental.

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