Biden na Ásia para contrariar influência económica da China

A visita do Presidente dos Estados Unidos à Coreia do Sul e ao Japão mostra que a China continua a ser o principal desafio para os norte-americanos, apesar da invasão russa da Ucrânia. Em Tóquio, Biden irá reunir-se com os líderes do Japão, Índia e Austrália.

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Biden e o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, visitaram uma fábrica da Samsung Reuters/JONATHAN ERNST

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou à Coreia do Sul esta sexta-feira, para a sua primeira visita à Ásia desde que tomou posse, a Janeiro de 2021. Nos próximos dias, Biden tentará lançar bases sólidas para contrariar a influência económica da China na região, e é provável que a visita fique marcada por novas ameaças da Coreia do Norte aos EUA.

O Air Force One aterrou na base norte-americana de Osan, a sul de Seul, e Biden juntou-se ao novo Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, para uma visita a uma fábrica de semicondutores da Samsung.

Segundo a agência Reuters, o vice-presidente da empresa sul-coreana, Lee Jae-yong, foi autorizado a faltar a uma sessão do seu julgamento por fraude contabilística, marcada para esta sexta-feira, e foi o anfitrião do Presidente dos EUA na visita. Foi a primeira vez que Lee surgiu em público desde Agosto de 2021, quando foi posto em liberdade condicional após uma condenação a 30 meses de prisão por suborno e peculato.

O principal tema da visita de Biden é a estratégia dos EUA para contrariar a força económica da China na região, mas é provável que o Governo sul-coreano mantenha algumas cautelas em público, devido à forte relação comercial que mantém com o vizinho asiático.

Ainda assim, espera-se que a Coreia do Sul integre o grupo inicial de parceiros do Quadro Económico para o Indo-Pacífico, uma iniciativa de Biden que deverá ser anunciada durante a visita à Ásia.

Questionado sobre a oposição chinesa à iniciativa norte-americana, o Presidente sul-coreano disse aos jornalistas, esta sexta-feira, que a adesão do seu país não implica um corte de relações económicas com a China.

“Isto não tem de ser um jogo de soma zero”, disse Yoon.

Ameaça norte-coreana

Biden e Yoon vão discutir temas pesados, como a questão da Coreia do Norte. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, abandonou um acordo para o congelamento dos testes de mísseis intercontinentais e parece decidido a reiniciar testes nucleares, o que pode acontecer durante a visita do Presidente dos EUA.

A cooperação dos EUA com a Coreia do Sul e com o Japão “será reforçada em face de novas provocações da Coreia do Norte”, disse o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, Jake Sullivan, quando questionado sobre a possibilidade de Pyongyang testar mísseis durante a visita de Biden.

“Estamos preparados para essa eventualidade”, disse Sullivan. Os EUA avisaram os seus aliados, e também a China, de que quaisquer “provocações norte-coreanas” durante a visita de Biden terão como resultado “um ajustamento da postura militar norte-americana na região”, salientou o mesmo responsável.

Ao contrário do antecessor, o novo Presidente sul-coreano parece determinado a adoptar uma postura de força em relação às ameaças do vizinho do Norte. Yoon admitiu mesmo lançar um ataque preventivo contra a Coreia do Norte se tiver indicações de que o vizinho se prepara para atacar a Coreia do Sul.

Na semana passada, a Coreia do Norte revelou que está a debater-se com um surto de covid-19, mas não respondeu aos apelos para regressar à mesa de negociações. A Casa Branca disse que está pronta para conversar com o líder norte-coreano, mas não deu quaisquer indicações públicas de que tem uma nova estratégia para convencer Kim a dialogar.

Durante a visita à Ásia, que o vai levar à Coreia do Sul e ao Japão, Biden optou por não visitar a zona desmilitarizada que separa a Coreia do Sul e a Coreia do Norte.

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