Team Ninja Trollhunters combatem negacionistas climáticos no Twitter

O grupo anónimo afirma já ter levado à suspensão de 600 contas que partilhavam desinformação sobre as alterações climáticas.

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O grupo é anónimo mas sabe-se que tem membros de várias nacionalidades Mike Blake

Em entrevista à BBC dois activistas relataram os esforços e desafios que enfrentam para tentar combater a desinformação sobre as alterações climáticas. “É importante não deixar as pessoas saírem impunes com mentiras”, diz uma das ‘ninjas’ à BBC. Sempre sob anonimato, porque para serem capazes de fazer o trabalho “sem ter medo das consequências" têm mesmo que "voar por baixo do radar”, acrescenta.

São dezenas o tweets publicados por hora com a hashtag ClimateScam, e cada um deles ilustra uma forma de negar as alterações climáticas. E isto é apenas um exemplo da onda de desinformação que inunda as redes sociais. Os ‘Ninjas’ são um grupo anónimo criado em 2019 com cerca de 25 pessoas de todo o mundo. O objectivo? Combater a desinformação e cepticismo do aquecimento global.

Atentos ao que fica viral, os membros do grupo respondiam às publicações falaciosas com links para artigos académicos e relatórios científicos. No entanto, aperceberam-se poucos meses depois que para estas pessoas “os factos são irrelevantes”, confessa um membro do grupo à BBC. Passaram então a novas tácticas.

Identificaram e monitorizaram contas que questionavam até as questões mais básicas da ciência das alterações climáticas, e os ‘ninjas’ denunciavam as publicações sempre que estes desrespeitavam alguma regra da plataforma. Este trabalho não é tarefa fácil, porque o negacionismo climático não é, por si só, proibido na plataforma. Assim, teriam que procurar e reportar publicações que infringissem outras regras, como a proibição de postar afirmações enganosas sobre a Covid-19.

No entanto, os esforços dos ‘ninjas’ foram mitigados quando Elon Musk tomou conta da rede social. Parte da acção do CEO da Tesla foi aliviar as políticas contra o discurso de ódio e a violência e reactivar milhares de contas que tinham sido suspensas.

“No fim do dia, não importa se estas contas são suspensas por causa da desinformação da Covid-19 ou símbolos Nazis. Quando vão embora, vão embora”, diz um membro da Team Ninja Trollhunters.

Em Portugal não há um "movimento significativo"

Não existe, em Portugal, um movimento oficialmente organizado de negacionistas climáticos, diz Ana Muller da Associação Zero, mas existe "um grupo de pessoas que rejeitam a ideia de que as actividades humanas estão a contribuir significativamente para as alterações climáticas, que negam a ciência por trás das alterações climáticas e acreditam que as mesmas são apenas uma variação natural do clima ao longo do tempo".

A activista alerta que os grupos negacionistas "podem espalhar informações falsas enganosas sobre as alterações climáticas nas suas redes sociais, sites e outros meios de comunicação para tentar influenciar a opinião pública". Nestas publicações podem mesmo "afirmar que o aquecimento global pode ser um fenómeno positivo, tal como o aumento de CO2 na atmosfera, porque criaria um ambiente propício ao desenvolvimento da vegetação terrestre".

A Zero afirma rejeitar "veementemente as ideias propagadas pelos negacionistas" e trabalha activamente "para promover a sensibilização sobre as alterações climáticas e necessidade de implementar medidas para as combater" acrescentando que "a ciência é robusta e sólida, comprovando a responsabilidade humana pelo aumento das temperaturas globais, do nível do mar e das alterações do clima em todo o mundo".

Ana Muller crê que existem algumas razões para a negação da mudança climática em Portugal, como "a falta de educação e consciência sobre a questão e a desconfiança em relação aos cientistas e a organizações internacionais que estão a alertar sobre as alterações climáticas".

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