Cineasta Jafar Panahi saiu do Irão e está em França

Libertado da prisão em Fevereiro, é a primeira vez que o cineasta deixa o seu país desde que as autoridades iranianas o proibiram, em 2010, de viajar para o estrangeiro.

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O cineasta Jafar Panahi recebeu Urso de Prata no Festival de Berlim em 2006 por "Fora-de-Jogo" Sean Gallup/Getty Images

Depois de ter estado durante 14 anos proibido de sair do território iraniano, o cineasta Jafar Panahi, que tinha sido libertado sob caução em Fevereiro passado – após uma detenção de sete meses –, viajou para França com a sua mulher, aparentemente para visitar uma filha que ali vive, anunciou esta quarta-feira o advogado do realizador, Saleh Nikbakht, citado pelo jornal Le Figaro.

Actualmente com 62 anos, o realizador de Taxi (2015), cujos filmes têm sido premiados nos principais festivais de cinema europeus, foi proibido de sair do país em 2010, quando as autoridades iranianas o condenaram também a seis anos de prisão por “propaganda contra o regime” dos ayatollahs.

“Cumprida a sua pena, Jafar Panahi teve autorização para deixar o país e obteve um passaporte”, adiantou Saleh Nikbakht, advogado e porta-voz da Associação de Prisioneiros Políticos do Irão, referindo-se à mais recente detenção do realizador, que voltou a ser preso em Julho de 2022, quando protestou contra a detenção de outro cineasta, Mohammad Rasoulof. No dia 1 de Fevereiro deste ano, Jafar Panahi iniciou uma greve de fome, exigindo ser libertado, o que veio a acontecer 48 horas depois.

Esta terça-feira, a sua mulher, Tahereh Saidi, publicou na rede Instagram uma fotografia do casal num aeroporto, assinalando a sua alegria por deixar o Irão. E Nikbakht confirmou no dia seguinte que Panahi estava em França para ver a filha, mas não adiantou qualquer informação sobre a duração prevista para esta visita. O advogado acrescentou, no entanto, que não existem, tanto quanto sabe, mais processos judiciais contra o realizador.

Entre os muitos prémios que têm distinguido a filmografia de Panahi contam-se o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno, atribuído em 1998 ao filme O Espelho, o Leão de Ouro do Festival de Veneza, que conquistou em 2000 com O Círculo, o Urso de Ouro do Festival de Berlim, por Táxi, em 2015, o prémio do melhor argumento no Festival de Cannes, em 2018, com 3 Rostos, e mais recentemente o Prémio Especial do Júri do Festival de Veneza, que venceu em 2022 com o seu último filme, Ursos Não Há.

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