Realizador iraniano Mohammad Rasoulof saiu da prisão

Depois de Jafar Panahi, é o segundo cineasta dissidente que o regime de Teerão liberta em menos de duas semanas.

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Mohammad Rasoulof no Festival de Cannes em 2013 REGIS DUVIGNAU/REUTERS

Vencedor do Urso de Ouro de Berlim em 2020 com O Mal Não Existe, o cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, preso desde Julho passado, foi libertado da prisão, noticiou esta segunda-feira o jornal iraniano Shargh, citado pela agência Associated Press.

Rasoulof tinha sido detido a 11 de Julho, por criticar a violência da repressão exercida pelo regime contra as manifestações do final de Maio, desencadeadas pelo colapso de um edifício que vitimou 41 pessoas na cidade de Abadan.

O Shargh, um jornal associado ao movimento reformista iraniano, assegura apenas que o realizador foi “recentemente” libertado, mas não precisa o dia nem adianta qualquer outra informação. E até ao momento não foi também divulgado qualquer comentário oficial a esta decisão.

No início do mês, o regime já libertara o cineasta Jafar Panahi, que fora preso justamente por ter protestado contra a detenção de Mohammad Rasoulof e de outro realizador, Mostafa Al-Ahmad, que, tanto quanto se sabe, permanecerá ainda na cadeia.

Estas libertações acontecem alguns meses depois de o regime ter enfrentado manifestações de protesto por todo o país, provocadas pela morte, sob custódia policial, de Mahsa Amini, uma jovem iraniana de 22 anos, de origem curda, que foi detida pela “polícia da moralidade” por alegado uso incorrecto do hijab, o lenço islâmico. A organização Human Rights Activists in Iran contabilizou 529 manifestantes mortos e quase 20 mil detidos.

No filme que deu a Rasoulof o Urso de Ouro de Berlim, e que o cineasta não pôde ir receber por estar então proibido de viajar, cruzam-se quatro histórias que abordam o uso da pena de morte no Irão.

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