Selo Caminhos de Leitura quer distinguir a melhor literatura infantil em português

As distinções, atribuídas a mais de 30 livros, são apresentadas neste domingo, quando se assinala o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. Um dos prémios é uma homenagem a António Torrado.

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Os selos serão entregues a 23 de Junho, no Teatro-Cine de Pombal Adriano Miranda/Arquivo

Há um novo selo para distinguir os melhores livros infantis e juvenis em língua portuguesa. O selo Caminhos de Leitura, atribuído pelo Observatório de Leitura do Município de Pombal, é lançado neste domingo, Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. São eleitas mais de 30 obras, com destaque para o vencedor da Menção Honrosa António Torrado, Caras de João Pedro Mésseder e ilustrações de Inês Oliveira.

Há 19 anos que o município de Pombal promove um encontro anual de literatura infanto-juvenil, mas agora o projecto dos Caminhos de Leitura vai mais além e quer premiar o que de melhor se escreve em português para crianças e jovens. O projecto é também uma ponte entre Portugal e Brasil, começa por explicar a coordenadora Benita Prieto ao PÚBLICO, já que há “muita dificuldade na circulação de livros entre os dois países”.

No Brasil, Benita Prieto fazia parte do Instituto Interdisciplinar de Leitura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que atribui uns selos semelhantes aos que agora serão iniciados por cá. “Sentíamos a necessidade de criar algo que desse um cunho mais profundo ao trabalho que estamos a fazer, além do evento”, acrescenta a chefe da unidade de cultura da Câmara Municipal de Pombal, Sónia Fernandes.

Cimentada a ideia inicial, a ser trabalhada desde 2018, juntaram dez especialistas para constituir o Observatório de Leitura, desde jornalistas (incluindo Rita Pimenta, copydesk do PÚBLICO e autora da coluna Letra Pequena), a escritores, ilustradores, mediadores de leitura e professores: António Jorge Serafim, Bru Junça, Dora Batalim Sottomayor, Iêda Alcântara, Maria José Vitorino, Paula Cusati, Rui Marques Veloso, Sara Reis da Silva e Tâmara Bezerra.

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Logótipo do Observatório de Leitura DR

Em 2021, lançaram o repto às editoras para que enviassem os novos lançamentos, de forma a serem lidos e avaliados pelo Observatório — receberam 61 lançamentos de 24 editoras. Os premiados de 2022, agora apresentados, foram analisados “com rigor” quanto à qualidade do texto, ilustração, projecto gráfico, abordagem inovadora, criatividade e qualidade da tradução.

Depois, foram divididos em quatro categorias de selos — todos desenhados pela ilustradora Mafalda Milhões. O Selo Distinção, que escolhe os dez melhores livros do ano; o Selo Selecção, com aqueles que chamam “os livros que não podem faltar em qualquer biblioteca”; o Selo Brasil, com obras da distinção do Selo Cátedra 10; e a Menção Honrosa António Torrado (1939-2021), uma homenagem ao autor português, “amigo” dos Caminhos de Leitura.

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Selo Menção Honrosa António Torrado DR
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Selo Menção Honrosa António Torrado DR

Todos os vencedores das várias categorias — com excepção do Selo Brasil, que será apresentado mais tarde — podem ser consultados no novo site lançado neste domingo. Destacam-se, entre outros, obras de Ana Pessoa, Clara Cunha, David Pintor, Luísa Ducla Soares, Joana Estrela ou Isabel Peixeiro. Para cada livro, há uma resenha detalhada, assinada por um dos especialistas. “São livros de excelência”, assegura a responsável pelo projecto.

Os prémios serão entregues a 23 de Junho e, a partir daí, os livros passarão a ostentar o novo selo. “Podem imprimir o selo e colocar no livro. E nas novas edições pode vir já na capa”, sugere Benita Prieto. O projecto conta, ainda, com o apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e da Universidade do Minho.

Mais do que só distinguir os melhores títulos para a infância, o Selo Caminhos de Leitura quer funcionar como um projecto de “curadoria”, porque “há muita coisa publicada”, lembra a coordenadora do projecto. “O que queremos é ajudar quem faz compras de livros, sejam pais ou professores”, assevera Benita Prieto. O gesto é também mais uma forma de pôr sob os holofotes este tipo de literatura, frequentemente visto como “um primo pobre” dos géneros literários, alerta ainda.

E, por fim, querem ser mais uma alavanca da publicação de língua portuguesa além-fronteiras. Ao serem distinguidos, acredita, os livros ganharão visibilidade não só em Portugal, como também no Brasil, que aumentará as probabilidades de virem a ser publicados noutras geografias. Como tal, para o futuro, sonham alargar o projecto para as restantes nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

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