Os bons caminhos de leitura fazem-se em Pombal (há 16 anos)

Arrancou nesta quinta-feira o XVII Encontro de Literatura Infanto-Juvenil Caminhos de Leitura, em Pombal. Se o caminho se faz ao caminhar, o da leitura faz-se lendo. Sempre mais e melhor.

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Começou em 2002 e era um “carreirinho”. Cresceu, ampliou-se e profissionalizou-se. Agora é um “caminho”, mas não perdeu a sua matriz primeira: “A afirmação da importância do acto de ler e de dar a ler.”

Sónia Fernandes, da organização do Caminhos de Leitura, diz ao PÚBLICO o que se espera desta XVII edição do encontro de Pombal, que decorre de 13 a 15 de Junho: “Contribuir para formar e dotar educadores, professores e outros profissionais de educação com ferramentas que elevem a relação leitor/leitura, povoando nos alunos e públicos um verdadeiro gosto pela palavra, pela escrita e pela leitura.”

Esta técnica superior de animação não tem dúvidas de que “dar a ler é uma tarefa decisiva para o sucesso educativo, para a promoção de uma verdadeira literacia e para o combate ao analfabetismo funcional”, por isso, acrescenta, falando sempre no plural, “consideramos que a necessidade de uma relação criativa com a palavra, quer ela surja na sua versão oral, escrita ou ilustrada, é condição determinante para uma educação e formação no sentido mais amplo do termo”.

Nestes encontros, “a leitura pode acontecer em qualquer lugar”, mas há cenários previamente estipulados: Teatro-Cine de Pombal, Jardim da Várzea, Museu de Arte Popular e Biblioteca Municipal.

A “caminhada” divide-se em quatro apeadeiros: o Apeadeiro do Encontro, uma formação creditada com a participação de especialistas em literatura infanto-juvenil (Dora Batalim, Catherine L’Ecuyer, Eva Mejuto, Eduardo Vera Cruz, entre outros); o Apeadeiro da Ilustração, com exposições de ilustração organizadas por Mafalda Milhões (Motim, ilustradores portugueses, e Voar, de André Neves); o Apeadeiro da Leitura, um mercado infantil do livro e da leitura, e o Apeadeiro da Memória, um festival de narração oral com contadores de histórias (Cristina Taquelim, Luís Carmelo, Lúcia Fidalgo, Rodolfo Castro, etc.).

Ampliar a imaginação

Há ainda as Oficinas Caminhantes, ministradas por profissionais da arte de contar, de ler e de partilhar, com designações expressivas como “De coisas miúdas”, “Pés no chão, cabeça no ar, ou como lidar com o corpo à frente de uma assistência”, “Ah! Esses livros para a infância”, “Costurando histórias”, entre outras. Aqui, os participantes terão oportunidade de aprender e praticar a mediação de leitura e outras actividades que a palavra sugere, como a exploração dos sons e da voz, das cores e texturas ou exercícios com sombras. Tudo para potenciar e ampliar a imaginação de quem lê e de quem dá a ler.

Segundo dados fornecidos pela organização, há 165 inscritos no encontro, na maioria professores e educadores de infância. No entanto, também se podem contabilizar bibliotecários, técnicos de bibliotecas e animadores. “A maioria das inscrições são do género feminino e os participantes vêm de todo o país, desde Porto ao Algarve (Aveiro, Lisboa, Oeiras, Óbidos, Águeda, Estarreja, Leiria, Viseu, Esposende, Caldas da Rainha, Alcochete, Espinho, Loulé, Almada, Santarém, Braga, Maia, Abrantes, Soure, Albergaria a Velha, Setúbal, Ovar, Figueira da Foz, Ansião, Seixal, Évora, Condeixa e Vagos)”, lê-se no email enviado ao PÚBLICO, em que se dá conta também de “duas inscrições de Espanha, vindas de Pontevedra”.

Sónia Fernandes recorda com alegria o “percurso dos Caminhos”, que já leva 16 anos: “Ano após ano, fomos brincando com palavras, rindo e sonhando. Fomos lendo, sentindo, cheirando, admirando, provando e guardando palavras. Conhecemos diversas formas de dialogar através do contar e do cantar, sentimos e aprendemos a olhar a leitura, conseguimos ver e ler as cores da poesia e o Carreirinho tornou-se no Caminho!”

E descreve a viagem: “Durante 16 anos viajámos e lemos através das emoções. O nosso caminho foi ficando colorido de palavras e de sentidos. Durante as viagens, guardámos na mala memórias, recordações, imagens, sabores, afectos, sentidos, palavras e leituras.”

Sempre no plural, conclui: “Queremos partilhar com todos os que não têm medo de viajar as nossas leituras, pois agora sabemos que a leitura pode acontecer em qualquer lugar.”  E termina com a frase emblemática de divulgação do encontro: “O comboio já partiu. Não tenha medo de embarcar.”

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