Programa Alimentar Mundial da ONU suspende operações no Sudão após morte de três funcionários

Agência humanitária diz que os confrontos entre o Exército sudanês e o grupo paramilitar RSF puseram em causa a segurança das suas equipas e parceiros. Já morreram pelo menos 56 civis.

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Coluna de fumo em Cartum, capital do Sudão, onde o Exército e as RSF combatem Reuters/INSTAGRAM @LOSTSHMI

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) anunciou este domingo a suspensão temporária de todas as suas operações no Sudão depois de três funcionários terem sido mortos durante os confrontos entre o Exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

“Enquanto avaliamos a situação securitária em desenvolvimento somos forçados a suspender temporariamente todas as operações no Sudão”, informou a directora-executiva do PAM, Cindy McCain.

“O PAM está empenhado em prestar assistência à população sudanesa que enfrenta [uma situação de] enorme insegurança alimentar, mas não podemos realizar o nosso trabalho, que salva vidas, se a segurança das nossas equipas e parceiros não estiver garantida”, acrescentou, num comunicado.

Três funcionários do PAM morreram e outros dois ficaram feridos em Kabkabiya, no Darfur do Norte. Um porta-voz da agência humanitária da ONU revelou à Reuters que os mortos eram todos sudaneses e que perderam a vida enquanto cumpriam as suas funções de auxílio às populações.

McCain também disse que as operações do PAM se tornaram ainda mais difíceis de realizar uma vez que um avião do Serviço Humanitário Aéreo das Nações Unidas ficou “bastante danificado”, na sequência de uma troca de tiros no aeroporto internacional de Cartum, na capital do Sudão.

A mulher do falecido senador norte-americano John McCain explicou que o incidente limitou significativamente a capacidade do PAM para movimentar trabalhadores humanitários e ajuda pelo país da África Oriental.

Uma disputa de poder entre as Forças Armadas do Sudão e as RSF provocou, até ao momento, pelo menos 56 mortes de civis e deixou cerca de 595 pessoas feridas, incluindo soldados e milícias.

Os combates entre as forças leais ao general Abdel Fattah al-Bourhan, líder de facto do país, e os paramilitares comandados pelo vice-presidente do Conselho Soberano, o general Mohammed Hamdan Daglo, começaram no sábado.

É o primeiro choque entre as duas entidades desde que se juntaram, em 2019, para depor o Governo do ditador Omar al-Bashir.

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