No Quirguistão, estas activistas transformam lixo em roupa

A queima de materiais descartados da indústria do vestuário é um problema ambiental em Bichkek – mas uma artista começou a reaproveitar os materiais, mantendo viva uma técnica tradicional de costura.

p3,questoes-sociais,moda,quirguistao,asia,reciclagem,
Fotogaleria
Cholpon Alamanova, artista e activista Reuters/PAVEL MIKHEYEV
p3,questoes-sociais,moda,quirguistao,asia,reciclagem,
Fotogaleria
Reuters/PAVEL MIKHEYEV
p3,questoes-sociais,moda,quirguistao,asia,reciclagem,
Fotogaleria
Reuters/PAVEL MIKHEYEV

Uma activista ambiental do Quirguistão encontrou uma forma criativa de combater os fumos tóxicos que atingem a sua cidade ao transformar lixo – que, de outra forma, seria simplesmente queimado num aterro ou no fogão de alguém – em roupa.

O vestuário é um dos maiores sectores deste país da Ásia Central com sete milhões de habitantes. Contudo, os fabricantes descartam, com frequência, o material que não utilizam e depositam-no em aterros nos arredores da capital, Bichkek, para ser queimado (ou, muitas vezes, para aquecer a casa de algumas pessoas).

Os fumos que resultam da queima desses materiais tornam o ar tóxico em Bichkek, que já é uma das cidades mais poluídas do mundo, graças ao uso generalizado do carvão como energia.

Contudo, a artista Cholpon Alamanova arranjou uma forma criativa de resolver este problema, que faz uso de uma técnica tradicional de costura com retalhos chamada “kurak”. Assim, recicla o material têxtil e transforma-o em mantas coloridas, roupa e acessórios.

No atelier de Cholpon Alamanova
Fotogaleria
No atelier de Cholpon Alamanova

O seu atelier tornou-se parte de uma tendência global de “trashion” – ou seja, transformar lixo em moda –, que promove a utilização de elementos reciclados, usados e deitados fora para que tenham um novo propósito: a criação de peças de vestuário, jóias e arte.

A tarefa gera um sentimento de bem-estar que a motiva a continuar, diz Alamanova. Ao mesmo tempo, ajuda a manter viva a tradição.

“Todas as peças que fazemos com os nossos alunos transmitem uma sensação muito agradável. Tornámos o Quirguistão um bocadinho mais limpo e ajudámos a manter a pureza do ar, da água e da terra”, acrescentou.

A sua equipa, que conta com 80 mulheres entre os 25 e os 79 anos, processou 300 quilos de tecido em poucos meses, conseguindo o carinho do público enquanto combatiam a poluição e tornavam popular o kurak.

Os trabalhos de Alamanova e das suas estudantes estiveram expostos no país vizinho, o Cazaquistão, no mês passado – e inspiraram as mulheres cazaques a seguir o exemplo, com uma das suas alunas e iniciar ali um projecto semelhante.

Sugerir correcção
Comentar