Sanna Marin sai derrotada pelo centro-direita nas legislativas da Finlândia

Extrema-direita repete o segundo lugar de há quatro anos mas com votação mais expressiva e toda a esquerda cai. Petteri Orpo posiciona-se como possível futuro primeiro-ministro.

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Petteri Orpo, líder do Coligação Nacional LEHTIKUVA/Reuters
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Sanna Marin, Riikka Purra e Petteri Orpo juntos esta noite, antes de se conhecerem os resultados LEHTIKUVA/Reuters

O partido Coligação Nacional, de centro-direita, venceu por curtíssima margem as eleições legislativas da Finlândia que se realizaram este domingo e que deixaram o Partido Social Democrata, da actual primeira-ministra Sanna Marin, em terceiro lugar. O Partido dos Finlandeses, de extrema-direita, ficou em segundo.

Os três partidos ficaram separados por apenas nove décimas percentuais em número de votos. Com mais de 99% do escrutínio feito, a Coligação tinha 20,8%, os Finlandeses 20% e os sociais-democratas 19,9%. No Parlamento, a Coligação conseguiu pelo menos 48 lugares, contra os 46 dos Finlandeses os 43 do partido de Marin.

Petteri Orpo, líder da Coligação, terá agora a possibilidade de formar um novo Governo. Mas a tarefa não se avizinha fácil, como o próprio admitiu ao princípio da noite eleitoral. “A única coisa que fará a Finlândia prosperar é a cooperação, mas é óbvio que as diferenças de opiniões em certos assuntos são muito grandes”, disse.

Durante a campanha, Orpo não fechou a porta a entendimentos com nenhum partido e este resultado dá-lhe a vantagem de escolher com quem negociar. São precisos pelo menos 100 deputados para ter maioria parlamentar. Quando se apresentou perante os seus apoiantes que festejavam efusivamente, cerca das 22h30 locais (20h30 em Lisboa), Orpo prometeu começar já a negociar a formação de um Governo com a sua liderança. “Tivemos uma grande vitória!”, festejou.

Quem também celebrou ao fim da noite foi Riikka Purra, líder do Partido dos Finlandeses, que obteve o seu melhor resultado eleitoral de sempre e vê crescer a sua representação parlamentar em sete lugares. “Caros finlandeses, sabem o que fizeram? Deram a este partido o seu melhor resultado de sempre”, disse entusiasmada, prometendo “estar à altura” da confiança depositada no seu partido.

Liderada desde 2021 por Riikka Purra, uma antiga professora que tem tentado afastar a imagem de extrema-direita associada ao partido, esta formação política vinha a subir consistentemente nas sondagens desde há cerca de um ano. O seu melhor resultado anterior era de 2011, descendo nas duas eleições seguintes. Ainda assim, em 2015 integrou a coligação de Governo com o Partido do Centro (liberal) e a Coligação Nacional, que em 2019 tiveram quedas eleitorais, permitindo à formação nacionalista ficar em segundo lugar, a apenas duas décimas dos sociais-democratas.

Estes, apesar de melhorarem quer em percentagem de votos quer em número de deputados face há quatro anos, saem como derrotados da noite eleitoral e ficam na expectativa de ver os passos que dará agora Petteri Orpo.

Sanna Marin, a quem a juventude, a posição firme de apoio à Ucrânia e a adesão da Finlândia à NATO granjearam fama internacional, deverá assim cumprir apenas um mandato (não completo) como primeira-ministra. A campanha eleitoral focou-se sobretudo em assuntos internos e o aumento expressivo da dívida pública durante a sua permanência no cargo tornou-se um tema central, com a oposição a defender cortes na despesa.

Além disso, no Verão passado, quando surgiu nas redes sociais um vídeo da primeira-ministra de 37 anos a dançar numa festa, a oposição criticou-a fortemente, alegando que o comportamento não era adequado a uma governante, e Marin fez um teste de despiste a drogas e viu ser aberto um inquérito à sua conduta.

Apesar da derrota, Marin disse estar satisfeita com o resultado do partido, que é o melhor desde 2011. “É um grande dia porque nos saímos bem nas eleições”, declarou, acrescentando que “a democracia falou”.

Numas eleições que tiveram uma abstenção de 28,1%, apenas os três partidos da frente subiram em relação às de 2019. Três dos que integram a coligação de Governo com os sociais-democratas têm quedas expressivas, sobretudo em número de deputados. É o que acontece com o Partido do Centro (liberal, que já chefiou um executivo), que perde oito lugares mas consegue manter-se como quarta força parlamentar, com a Aliança dos Verdes, que perde sete representantes, e com a Aliança de Esquerda, que fica reduzido em cinco deputados.

A única força política da coligação que apoia Marin a manter igual número de eleitos é o Partido do Povo Sueco, com nove deputados.

Em sentido contrário, o liberal Movimento Agora, fundado em 2018, conseguiu eleger o seu primeiro deputado, cimentando a maioria aritmética da direita no Parlamento.

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