Agnes Nunes está de volta com Menina Mulher e “algumas surpresas”

Digressão da jovem e elogiada cantora baiana começa esta quarta-feira em Lisboa, no Maria Matos, e passa pelo Porto, Coimbra e Braga.

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Agnes Nunes LUCAS NOGUEIRA

Com apenas 20 anos, Agnes Nunes já tem um público vasto. Cantora e compositora brasileira, nascida na Bahia e criada na Paraíba, actuou pela primeira vez em Portugal em 2019, voltou em 2022 e agora regressa para quatro espectáculos integrados na sua mais recente digressão europeia, que já a levou a Barcelona (dia 18) e a Londres (dia 19). Em Portugal, começa por Lisboa, esta quarta-feira, dia 22, no Teatro Maria Matos (21h), seguindo-se o Porto (Casa da Música, dia 24, 22h30), Coimbra (Auditório Conservatório se Música, dia 25, 21h30) e Braga (Theatro Circo, dia 1 de Abril, 21h30), este último depois de actuar em Berlim e Dublin.

Nascida em Feira de Santana, na Bahia, em 5 de Abril de 2002, Agnes Nunes foi viver para a Paraíba com apenas 9 meses. Começou a gravar vídeos caseiros em 2015 e em 2017 criou no YouTube um canal para ir divulgando versões de temas de que gostava.

Em 2019, quando já publicava vários singles de sua autoria, atravessou o Atlântico: “Fui para gravar clipes e me apaixonei por Portugal, porque até então só tinha conhecido Lisboa [cidade que, aliás, deu nome a uma canção sua]”, recorda ao PÚBLICO. Voltou em 2022: “Com a grande oportunidade de começar a minha tournée de Menina Mulher [álbum lançado nesse ano]. Foram muito especiais os shows que fiz em Lisboa, Porto e Ovar, e tive uma receptividade e um carinho incríveis, que só me deixaram ainda mais apaixonada por Portugal.”

Depois do álbum Menina Mulher, Agnes lançou um novo single, Terezinha, com uma canção dedicada à sua avó: “É uma música muito especial, nasceu de uma saudade de casa. Fiz Terezinha pensando não só em mim, mas em muitos artistas e outras pessoas que precisam de sair da sua terra natal, de perto da sua família, para irem atrás dos seus sonhos. E uma das consequências disso é a saudade de casa, a falta do colo de avó, de mãe, e Terezinha tá aí.”

Elogiada por músicos brasileiros como Caetano Veloso, Chico César, Johnny Hooker ou DJ Alok, Agnes Nunes publicou no início de 2022 no YouTube uma série em seis episódios intitulada Abre Alas, dedicando cada episódio a uma cantora “sem a qual” ela não estaria ali. Começou por Liniker, seguindo-se Tássia Reis, Preta Gil, Margareth Menezes, Sandra Sá e Elza Soares. “Uma das minhas primeiras influências foi Elza, como mulher, como artista. Tem uma força inigualável”, explica Agnes ao PÚLICO. “Mas também Beyoncé, Rihanna, Gal Costa, Caetano Veloso. Há muitas influência na forma como componho e canto.”

Tendo o amor como tema de várias canções, estas abordam também o machismo e o racismo: “Já que temos visibilidade, na música e nas redes sociais, que a gente a use”, diz. “Porque, por mais que tenhamos quebrado muitos paradigmas, numa luta que já vem de há muito tempo, ainda falta muito para fazer. O machismo e o racismo são situações pelas quais eu, como mulher, negra, nordestina, passo todos os dias da minha vida e acredito que muitas mulheres também passem. Por isso, sempre vai haver espaço nas minhas músicas, nas minhas redes sociais, para esse tipo de assuntos, para que a gente continue conquistando o nosso espaço.”

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Capa do álbum Menina Mulher (2022)

Ter sido criada na Paraíba também a influenciou muito, afirma: “Desde a forma como me expresso, porque tenho muitas expressões típicas de lá. Tanto que até fiz uma música que se chama Vish, com muitas expressões paraibanas, nordestinas, como ‘eu me lasquei’ ou ‘minha mãe me avisou’. E isso influencia muito também o meu estilo musical. Fiz um forrozinho que se chama Última dança, com muita influência nordestina, da Bahia, da Paraíba. E eu, como nordestina, sempre faço questão de levar o nome do Nordeste pelo país e pelo mundo afora, porque é muito importante levarmos as nossas raízes seja aonde a gente for.”

O espectáculo que traz agora a Portugal terá, em relação aos anteriores, várias novidades. A começar por ter, na primeira parte, a cantora e compositora Mari Froes, de Goiânia. “É o álbum Menina Mulher e algumas surpresas que não posso contar. Têm de ir ver. Mas conta com algumas interpretações de que gosto, alguns covers que fizeram parte da minha vida.”

Com Agnes Nunes (voz), estão nesta digressão europeia o pianista Gabriel Serour e o guitarrista Thúlio Teixeira. Finda a digressão, já tem datas marcadas no Brasil. “Tenho um show em São Paulo, no Blue Note, e outro num festival em Curitiba.” Um novo álbum, talvez só em 2024, diz a cantora: “Tenho muitas músicas para sair, não necessariamente para um álbum este ano, mas para vários singles a publicar até ao final do ano. Singles muito especiais, inclusive um com a Mari Froes, que está fazendo a abertura dos shows da nossa tournée. Sem ela, esta tournée não seria a mesma coisa. O single sairá muito em breve.”

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