Novo crédito à habitação cai e renegociações disparam em Janeiro

Taxa de juro média dos novos créditos voltou a subir, para 3,32%, e a taxa de juro ao consumo também subiu.

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Volume de crédito à habitação renegociado está a aumentar significativamente Nuno Ferreira Santos

Como se esperava, as taxas de juro dos novos empréstimos à habitação voltaram a subir em Janeiro, para 3,32%, contra 3,24% em Dezembro, e um valor que compara com 0,81% em termos homólogos. Trata-se do patamar mais elevado desde Março de 2014, de acordo com dados disponibilizados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

Em sentido inverso ao das taxas de juro, o montante de crédito concedido pelos bancos caiu ligeiramente para 1920 milhões de euros, menos 102 milhões do que em Dezembro, com a habitação a representar 1385 milhões de euros, menos 11 milhões.

Mas os dados do BdP não reflectem a verdadeira dimensão da diminuição do novo crédito à habitação. Isso porque as renegociações regulares de crédito, ou seja, as que são feitas sem que haja situações de incumprimento, são consideradas novos créditos, e representaram 32% do montante dos novos créditos.

Assim, mais de 443 milhões de euros são relativos a renegociações de contratos com vista a reduzir a prestação, uma circunstância que, como avança o regulador, manteve “o aumento observado nos meses anteriores”. Em Dezembro, este tipo de operações ascendeu a 393 milhões de euros, elevando o acumulado dos dois meses a 836 milhões de euros.

No início de Fevereiro, o BdP já tinha dado conta de um aumento muito significativo das renegociações de créditos na recta final do ano passado. Assim, depois de um aumento progressivo de 5% a 10% até Setembro, o peso das renegociações saltou em Outubro e Novembro para 17% do volume de crédito para habitação própria e permanente. Com o crescimento destas operações, o peso dos empréstimos dados pela primeira vez caiu nestes dois meses, passando de 90% para 83%. E caiu mais ainda em Dezembro, com os novos empréstimos a representar 78% do stock mensal, e os renegociados uma fatia de 22%.

Recorde-se que estas reestruturações estão a acontecer ao abrigo do Decreto-lei 80-A, de 25 de Outubro, que veio criar melhores condições para a realização destes processos para famílias com maior dificuldade de suportar ao aumento das prestações, mas também outras renegociações fora do regime criado pelo diploma.

Ainda relativamente ao crédito à habitação, os dados mostram que 69% do montante dos novos empréstimos foi feito a taxa variável, com a taxa mista (fixa durante um período, passando depois a taxa fixa) a representar 24% e a integralmente fixa 7%.

“Embora se mantenha a preferência por empréstimos à habitação a taxa variável, o peso dos novos empréstimos a taxa mista tem vindo a aumentar, atingindo 24% do montante de novos empréstimos realizados em Janeiro”, destaca o supervisor.

O crédito ao consumo ascendeu a 401 milhões de euros, menos cinco milhões de euros face a Dezembro. Já a taxa de juro média foi de 8,48% (acima dos 7,97% do mês anterior). Apesar de Outubro de 2022 ter atingido os 8,06%, trata-se de um aumento muito significativo face à taxa média verificada nos últimos anos.

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