Cofina e Media Capital voltam a ser negociadas depois de explicações sobre fusão

Notícia sobre possível venda da dona do Correio da Manhã à dona da TVI dita suspensão. Empresas admitem avaliação de oportunidades de negócio, mas dizem que não há nada de concreto.

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CMVM quis saber se dona do Correio da Manhã está a negociar a venda à Media Capital Joana Goncalves

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu a negociação das acções da Cofina e da Media Capital na sequência da notícia de um eventual acordo de venda entre os dois grupos, mas ambos dizem que ainda não houve qualquer decisão. A suspensão foi levantada ao fim de cinco horas, depois dos esclarecimentos das empresas.

Por volta das 11h20 desta sexta-feira, 3 de Março, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) publicou no site um comunicado a dar conta de que, às 9h51, ao abrigo do Código dos Valores Mobiliários, mandou suspender a “negociação das acções da Cofina, SGPS, SA, aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”.

A paragem na negociação ocorreu depois de o Observador ter noticiado que a Media Capital, dona da TVI, da CNN Portugal e da Plural, está em negociações para a compra da Cofina, empresa que detém o Correio da Manhã, a CMTV, o Jornal de Negócios e o Record.

A decisão de levantar a suspensão foi tomada às 14h44 desta sexta-feira, depois de ambas as entidades cotadas terem emitido comunicados, com a informação considerada relevante pelo supervisor do mercado.

Apesar de ter sido a Cofina a empresa que, há alguns anos, fez uma tentativa para comprar a Media Capital, segundo o Observador, os papéis inverteram-se nas últimas semanas e a empresa que tem como maior accionista o empresário Mário Ferreira está agora a tentar adquirir o grupo de media liderado por Paulo Fernandes.

A Cofina foi a primeira a reagir, admitindo “possíveis negociações”. Já o grupo que detém a TVI fez saber à CMVM entretanto, num comunicado tornado público pouco antes das 13h, que a Media Capital está “atenta e disponível para analisar oportunidades de negócio que possam surgir”, mas ressalva que, em relação à “aquisição da Cofina SGPS, SA, ou de activos ou de negócios desta sociedade, nada existe de relevante, para além” desta análise deste grupo concorrente.

A Media Capital diz ter “pleno conhecimento dos deveres que sobre si impendem em matéria de divulgação de informação privilegiada” e considera que, nada havendo de concreto, “não existe nesta matéria nenhuma informação privilegiada de que devesse ter sido dado conhecimento ao mercado ou cuja divulgação tenha sido objecto de diferimento nos termos legalmente consentidos”.

Antes deste esclarecimento, a Cofina tinha feito saber ao mercado que, “na sequência de uma solicitação da CMVM no seguimento de notícia publicada ontem, dia 2 de Março, às 22h34, pelo jornal Observador com o título ‘Media Capital, dona da TVI, em negociações para comprar Cofina, que detém Correio da Manhã”, a Cofina esclareceu que, sendo uma sociedade gestora de participações sociais, “avalia em permanência todas as oportunidades de negócio que possam valorizar os seus activos, numa perspectiva de compra ou de venda”.

Sobre um eventual negócio com a Media Capital, admite que “foram realizadas abordagens preliminares por diversos assessores externos, com vista a encetar possíveis negociações” entre os dois grupos de media.

A possibilidade, diz, está “a ser objecto de análise pela sociedade, sem que haja, na presente data, qualquer decisão ou conversações entre a Cofina e, nomeadamente, a Media Capital ou os seus accionistas, relacionadas com a matéria da referida notícia”, lê-se no comunicado da Cofina.

Finda a suspensão, as acções da Cofina reflectiram a possibilidade de uma compra pela Media Capital: os títulos valorizaram-se quase 25%, para 0,325 euros.

No caso da Media Capital, as acções mantêm-se inalteradas nos 1,21 euros desde 27 de Fevereiro. com Pedro Crisóstomo

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