Peso dos pequenos investidores na bolsa de Lisboa triplicou desde 2019

Em 2022, os pequenos investidores responderam por 15% das operações de negociação de acções na bolsa de Lisboa. Há um aumento dos estrangeiros, como brasileiros ou norte-americanos, neste grupo.

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Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon Nuno Ferreira Santos

O volume de negociação do mercado de capitais português está a aumentar e o movimento é explicado pela presença dos pequenos investidores que, sobretudo graças à nova vaga de estrangeiros que tem chegado a Portugal, está a aumentar substancialmente. No espaço de três anos, os investidores individuais triplicaram o seu peso na negociação de acções na bolsa de Lisboa e, em 2022, já respondiam por 15% destas operações, uma proporção que fica muito acima daquela que se verifica em algumas das principais bolsas europeias, incluindo a de Paris.

Os dados, apresentados esta terça-feira, são da Euronext Lisbon, gestora da bolsa portuguesa, liderada por Isabel Ucha. Num encontro com jornalistas, a responsável adiantou que, em 2022, o volume diário médio de negociação de acções na bolsa de Lisboa fixou-se em 137 milhões de euros, um aumento superior a 22% face ao volume médio de 112 milhões que era registado no ano anterior.

Para este crescimento têm contribuído, sobretudo, os pequenos investidores (os chamados investidores de retalho), que estão a crescer nos últimos anos. Dos 137 milhões de euros negociados diariamente, o equivalente a 15% foi transaccionado por estes pequenos investidores. Em 2019, a quota deste grupo em relação ao total situava-se entre os 5% e 6%, detalhou Isabel Ucha. Significa isto que, no ano passado, os pequenos investidores negociaram, em média, cerca de 20 milhões de euros em acções, por dia, na bolsa de Lisboa.

Esta é uma proporção que fica muito acima daquilo que se verifica noutras praças. Olhando apenas para aquelas que também são geridas pela Euronext, os pequenos investidores respondem por 3,5% da negociação de acções na bolsa de Paris, outros 3,5% na bolsa de Bruxelas e 5% na bolsa de Amesterdão.

Apesar de a Euronext não disponibilizar dados sobre a nacionalidade destes investidores, a presidente da bolsa portuguesa esclarece que esta evolução é explicada, em grande parte, pela chegada de estrangeiros. "Há um aumento significativo do número de investidores que procuram as acções portuguesas, a nível nacional, mas, também, com uma vaga de estrangeiros, sobretudo do Brasil, França, Estados Unidos ou Hong Kong, que estão a vir viver para Portugal e que, tal como faziam nos seus países de origem, agora investem na bolsa portuguesa", explicou Isabel Ucha.

Ao mesmo tempo, diz, há uma mudança no perfil destes investidores. "São tecnologicamente mais sofisticados, financeiramente mais literatos, sabem no que estão a investir, têm acesso a informação, consultam a informação, e funcionam muito online", resume.

A acompanhar o crescimento do volume de negociações, a capitalização bolsista da bolsa portuguesa contrariou a tendência verificada no resto da Europa e acabou por registar um crescimento em 2022, ano de perdas avultadas nos mercados de capitais a nível global. Em 2022, a capitalização total da bolsa portuguesa ascendia a 83 mil milhões de euros, um aumento de cerca de 1,2% em relação ao ano anterior.

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