Gripe das aves: criança de 11 anos morre no Camboja – é a segunda em 2023

A tendência de aumento da circulação da gripe das aves contribuiu para o salto da infecção para mamíferos – e também para humanos. É a segunda morte de uma criança infectada pelo vírus este ano.

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O aumento de infecções em aves selvagens tem sido mais saliente desde o início de 2022 RONEN ZVULUN/REUTERS

O ministro da Saúde do Camboja anunciou que foram testadas pelo menos 12 pessoas para o vírus da gripe das aves (do subtipo H5N1), depois da morte de uma criança de 11 anos na última quarta-feira. É o primeiro caso conhecido de transmissão deste vírus para humanos neste país desde 2014.

O pai da desta criança, que faz parte do grupo de pessoas que estiveram em contacto com a rapariga de 11 anos, testou positivo para o vírus, mas não teve sintomas, conforme refere o ministro da Saúde, Mam Bunheng, num comunicado desta sexta-feira e citado pela agência Reuters. O comunicado não desvenda os resultados dos restantes testes e não especifica como o vírus foi transmitido para o pai da criança.

É a segunda criança a morrer este ano devido à infecção por gripe das aves. No passado mês de Janeiro, uma criança de nove anos no Equador foi hospitalizada nos cuidados intensivos depois de estar em contacto com uma galinha, naquele que foi o primeiro caso em humanos de gripe das aves altamente patogénica na América Latina, segundo informa a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os saltos para mamíferos deste vírus altamente patogénico não são comuns, e é ainda mais raro infectar humanos. Entre 2003 e 2022, registaram-se 868 casos de infecção por H5N1 em humanos, de acordo com os dados recolhidos pela OMS.

Desde o início de 2022, o impacto da gripe das aves tem sido severo em todo o mundo, conduzindo à morte de mais de 200 milhões de aves devido à doença ou a abates, como explica a Organização Mundial para a Saúde Animal.

Já em Fevereiro, a OMS destacou a disseminação do vírus influenza H5N1 entre mamíferos, mas mantém o risco de transmissão para os humanos como baixo. Em 2023, já foi relatada a presença de vírus em visons-americanos na região da Galiza (Espanha), bem como em leões-marinhos nas praias do Peru. Foram abatidos mais de 50 mil visons-americanos na quinta galega onde foi detectado o H5N1 e mais de 600 leões-marinhos morreram devido à doença. Este mês, em Israel, mais de cinco mil aves foram encontradas mortas com a mesma causa atribuída.

A Europa também registou o maior período de epidemia de gripe das aves em 2022, com quase 50 milhões de aves abatidas em apenas um ano, como refere o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês). Em Portugal, a última informação do ECDC remete para Dezembro de 2022, quando foi confirmado que Portugal teve 31 focos de infecção por gripe das aves entre 1 de Outubro de 2021 e 30 de Setembro de 2022, a maioria registada em aviários.

A Comissão Europeia também já anunciou a revisão das regras de vacinação animal no espaço europeu, como medida de controlo e prevenção da transmissão da doença. Em comunicado, a comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, aponta que “o combate à gripe das aves está no topo das prioridades” e que “estes surtos têm criado enormes perdas para o sector agrícola e para o comércio”, justificando o incentivo à vacinação.

O aumento da transmissão do vírus de gripe das aves para mamíferos, incluindo os humanos, não tem ainda uma explicação única. A tendência de aumento das infecções entre aves selvagens e a potencial existência de rotas de transmissão de infecções entre o Norte da Europa e a América do Norte (através destas mesmas aves) podem estar a propiciar o aumento da circulação do vírus H5N1 – e o aumento de casos relatados.

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