Presidente das Comores assume presidência da União Africana

Cimeira que termina este domingo em Adis-Abeba envolta em polémica pela expulsão de parte da delegação de Israel, país cujo estatuto de observador tem sido alvo de muita contestação.

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Azali Assoumani, novo presidente da União Africana TIKSA NEGERI/Reuters

Os chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), reunidos na 36.ª cimeira da organização, escolheram este domingo o chefe de Estado das Comores, Azali Assoumani, para presidente, sucedendo no cargo a Macky Sall, líder do Senegal.

Entre os presentes na cerimónia, que decorreu na sede da UA em Addis-Abeba, capital da Etiópia, estava o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

“É uma honra terem sido confiados às Comores, pela primeira vez na sua história, os destinos da nossa organização continental”, disse Assoumani no seu primeiro discurso como novo presidente da organização.

A nomeação teve lugar numa cimeira de dois dias, que começou no sábado, marcada pela polémica da expulsão de parte da delegação de Israel, país convidado como observador, retirada do plenário sob escolta da polícia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita confirmou a expulsão de, entre outros, a directora adjunta para África do ministério, Sharon Bar-li.

O Governo israelita classificou, em comunicado citado pelo Jerusalem Post, o episódio como de “muita gravidade”, assegurando que Sharon Bar-li e os restantes membros expulsos da sala tinham sido acreditados como observadores.

A porta-voz da presidência da UA, Ebba Kalondo, explicou à Radio France Internationale que a retirada da representante israelita aconteceu porque a diplomata não tinha convite: só o embaixador de Israel na Etiópia, Aleli Admasu, havia sido convidado para a cimeira. No entanto, a decisão tomada mereceu a desaprovação de vários Estados-membros.

A nomeação de Israel como observador na organização, em Julho de 2021, não foi pacífica, com 21 países a votarem contra a proposta, por solidariedade com a causa palestiniana. Entre eles estiveram a África do Sul e a Argélia, que Israel acusou agora de terem orquestrado a expulsão.

O Ministério de Negócios Estrangeiros lamentou que “a União Africana tenha acabado refém de países como a África do Sul e a Argélia”, que agiram “movidos pelo ódio e controlados pelo Irão”.

O Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, lamentou, por seu turno, que o debate proposto pelos países que se opõem à presença de Israel como observador tenha vindo a ser adiado desde então. “Em vez de esperar que as deliberações sobre o seu estatuto” estejam terminadas, “Israel pura e simplesmente decidiu desdenhar da autoridade dos 55 Estados-membros da UA”, afirma o comunicado do partido, citado pela agência oficial de notícias palestiniana WAFA.

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